Prefeito Ney Santos tenta barrar festa beneficente em Embu das Artes

Na sexta-feira (05/07), a prefeitura de Embu das Artes tentou impedir uma festa julina popular que tinha como objetivo arrecadar recursos para uma doação. Já esperando que a prefeitura poderia cercear o evento, os organizadores preparam um ofício antecipadamente para realizar a festa numa escola estadual, como uma forma de “plano B”. A quadra da escola acabou recebendo o evento, que contou com centenas de pessoas.

A Guarda Civil Municipal (GCM) compareceu às 18h, antes do início da festa e impediu que iniciasse, exigindo que as barracas fossem desmontadas. A vereadora Rosângela Santos (PT), uma das apoiadoras do evento, interveio e pediu que a prefeitura aguardasse até às 12h de sábado. Durante esse meio tempo, a equipe da vereadora entrou com pedido de liminar para realizar o evento, mas o pedido foi indeferido.

Para os moradores o impedimento ocorreu por motivações políticas, uma vez que a vereadora que apoiou o evento é uma das principais opositoras de Ney Santos (PRB). “A GCM e a prefeitura nunca barram os baile funks, mas querem barrar nossa festa?” questionou um dos moradores.

O intuito da festa era arrecadar recursos para a família de Gilson, um morador que por motivos de saúde agora necessita de cuidados especiais. Os moradores já haviam se reunido para realizar reformas na casa de Gilson e arrecadaram dinheiro para a compra de uma maca. Os vendedores das barracas iriam contribuir com a doação de cestas básicas com parte do dinheiro arrecadado.

É o caso do morador Marcos, atualmente desempregado, e estava organizando a barraca de bebidas e desabafou na manhã do sábado (quando a festa ainda estava com a situação indefinida): “Não tá acontecendo [a festa] porque Ney Santos só pensa nele. Se fosse uma festa no nome dele, estaria acontecendo, mas como não é no nome dele resolveu barrar”. 

Marcos também comentou do prejuízo que ele e os outros vendedores iriam tomar com a paralisação da festa: “O prejuízo é total, porque a mercadoria está comprada… Se não vender é prejuízo”.

Felizmente para os moradores, a festa foi transferida para uma escola estadual no bairro, graças a um ofício que foi preparado antecipadamente e recebido pelo conselho escolar, tal ofício foi pensado para o caso de possível represália da prefeitura. No entanto, alguns abusos ainda ocorreram, como o fato da GCM ter ido pedir esclarecimentos à escola, prática incomum, uma vez que a segurança das escolas estaduais é realizado pela PM. Outra irregularidade ocorreu quando dois funcionários a serviço da prefeitura se penduraram no muro da escola estadual para arrancar o cartaz informativo do evento.

Apesar das dificuldades, a festa foi um sucesso e mais de mil pessoas prestigiaram o evento no sábado e domingo. Contudo, durante o evento os responsáveis não deixaram barato para o prefeito, disparando críticas e indiretas “tentaram nos barrar, mas não conseguiram” e os vendedores ainda estavam um pouco frustrados com o prejuízo da sexta-feira.

Leia outras matérias sobre Embu das Artes:

MP considera ilegal “Cartão Cidadão” de Embu das Artes 

Esquema dos uniformes em Embu das Artes tem contratos de R$ 12 milhões

 

Durante a festa o público curte com o “Robôtron”, uma das atrações do evento.

  • David Felipe da Silva. Graduando de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP). É Coordenador Geral da União Estudantil de Embu das Artes e também coordena o Cursinho Popular João Batista de Freitas.

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS

Embu das Artes: Presidente da Câmara responde processo por atentado contra jornalista

Renato Oliveira (MDB) foi eleito presidente da Câmara Municipal de Embu das Artes. Renato atualmente responde processo por tentativa de homicídio triplamente qualificado por conta de um atentado que cometeu contra o jornalista e chargista Gabriel Binho em dezembro de 2017. O jornalista realizava na época a cobertura dos protestos contra a taxa do lixo, que havia sido implantada naquele ano.