A Praça Princesa Isabel, conhecida como a “nova Cracolândia”, começou a ser cercada para impedir que usuários de drogas e pessoas em situação de rua possam frequentar o local. Em junho deste ano, um projeto de lei transformou a praça em parque municipal. Sancionada por Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito de São Paulo, a lei permite que se construam muros, e o novo parque já começa a ser cercado.
Antes, a Cracolândia ficava concentrada na Praça Júlio Prestes, vizinha à Praça Princesa Isabel, no centro de São Paulo. Entretanto, diversas operações policiais violentas e sem nenhum resultado dispersaram os usuários, que se espalharam pela cidade. A Praça Princesa Isabel se tornou um lugar de concentração de usuários de droga entre os meses de março e maio deste ano.
Em maio, o governo realizou uma operação que mobilizou cerca de 650 policiais, e dizia ter como objetivo realizar 36 mandados de prisão, além da retirada das barracas da região em que os usuários se concentravam. No final da ação, apenas cinco pessoas foram presas, e os residentes da Praça Princesa Isabel se dispersaram e passaram a ocupar, principalmente, a rua Helvétia, e a rua dos Gusmões, na Santa Ifigênia.
Os policiais que atuam na região da Cracolândia, costumam dizer que as operações violentíssimas visando à dispersão dos usuários são como “enxugar gelo” – não resolvem o problema, apenas causam mais sofrimento para os os dependentes químicos. A única vez em que houve um projeto para lidar com a Cracolândia foi durante o governo de de Fernando Haddad, que criou a Operação Braços Abertos, que prestava atendimento médico, psicológico, e oferecia moradia e emprego para aqueles que conseguiam trabalhar.
Em junho, um projeto de lei proposto pelo vereador Fábio Riva (PSDB) e sancionado pelo atual prefeito de São Paulo aprovou a transformação da Praça Princesa Isabel em um parque municipal. O objetivo principal, segundo a gestão municipal, é “revitalizar o espaço”
Explica-se: para os grandes empresários do setor imobiliário, a presença da Cracolândia na região compromete os negócios. “Revitalizar”, para a prefeitura e para esses empresários, significa retirar os dependentes químicos. É uma medida higienista e aporofóbica (preconceituosa com os pobres).
