Polícia Militar volta a ameaçar líder comunitário

Cícero Nascimento, em seu bar, na Zona Norte de São Paulo

Em 2002, Cícero Nascimento, líder comunitário, na Vila Maria, bairro da zona norte de São Paulo, denunciou diversos policiais por ameaças de morte, espancamento de moradores e consequentemente, abuso de autoridade, por isso, uma grande investigação foi realizada pela Corregedoria da Polícia, resultando em 2004, na prisão administrativa de 15 policiais daquela região.

Na época, o próprio ouvidor da Polícia Militar do Estado de SP, Itajiba Farias Ferreira Cravo declarou que uma das denúncias trouxe detalhes sobre o suposto envolvimento de PMs em chacinas, tráficos de drogas e uso de armas sem registro, citando ainda o nome de sete policiais.

Na época, Cicinho, como é conhecido em seu bairro, passou a sofrer diversas “batidas” policiais em sua residência, geralmente, sempre tarde da noite, e a receber diversas multas de trânsito, por ocorrências não cometidas, como, por exemplo, estar sem cinto de segurança.

Cícero tem certeza que ele, o carro e a casa ficaram “marcados”pela polícia. Mas a maior preocupação dele está focada na segurança de sua família.

Cicinho tem 45 anos, é pai de 4 filhos e hoje, toca sua vida como comerciante, no bairro onde mora. Agora ele teme pelas ameaças que voltaram a acontecer.

Segundo Cícero, no último dia 13 de fevereiro, terça feira de Carnaval, enquanto moradores do bairro e simpatizantes da escola de samba Vila Maria acompanhavam na rua, a apuração dos desfiles de SP, a Polícia chegou e iniciou uma forte repressão, com uso de balas de borracha e gás lacrimogêneo, contra quem estava ali: mulheres, crianças, senhores idosos e muitos jovens.

Assustadas, as pessoas se refugiaram no bar de Cícero, (ao lado da quadra da escola de samba), que na sequência foi invadido pelos policiais.

Lá dentro, a truculência continuou. Ao reconhecer o líder comunitário, um tapa no rosto foi o “cumprimento” oferecido ao comerciante.

Todos foram abordados com ameaças e violência, inclusive um dos filhos do líder comunitário e sua esposa, que na ocasião, estavam no local. (Veja depoimento completo em vídeo)

Depois de liberado pela polícia, mesmo muito assustado com a gravidade da situação, Cicinho tomou todas as providências: registrou Boletim de Ocorrência, prestou depoimento por mais de 8 horas na Corregedoria da Polícia e procurou a Comissão de Direitos Humanos na Assembleia Legislativa de SP para buscar apoio.

A Comissão de Direitos Humanos ouvirá Cícero em breve, mas enquanto isso, a Bancada de deputados estaduais do PT de São Paulo já encaminhou um requerimento de informação para a Assembleia, pedindo que seja oficiado o secretário de Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho para responder algumas perguntas, entre elas, a dúvida se há alguma investigação com relação à vítima com eventual envolvimento criminal na atualidade para que se justifique tamanha situação de ameaça a vida de Cícero?

 

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS