PF faz operação contra “Sheik dos Bitcoins” que movimentou pelo menos R$ 4 bilhões

Francisley Valdevino é investigado pela Polícia Federal por estelionato e lavagem internacional de dinheiro
Francisley Valdevino da Silva, o "Sheik dos Bitcoins". Imagem/Reprodução

A Polícia Federal (PF) iniciou nesta quinta-feira (06/10) a Operação Poyais, que investiga a prática de crimes contra a economia e o sistema financeiro nacional. O principal alvo da operação é o chamado “Sheik dos Bitcoins”, investigado por estelionato e lavagem internacional de dinheiro. Francisley Valdevino, o “sheik”, já foi sócio do pastor Silas Malafaia, apoiador de Bolsonaro.

As investigações tiveram início em março deste ano. A Interpol – uma organização internacional que monitora crimes em escala global – encontrou em contato com a PF em Janeiro. Uma empresa internacional e seu principal gerenciador, Francisley Valdevino da Silva – o “Sheik dos Bitcoins” – estavam sendo investigados pela Força Tarefa de El Dorado, da HSI (em português, Investigações de Segurança Interna) de Nova York.

Francisley Valdevino é dono de uma empresa que promovia o “aluguel” de criptomoedas. Já foi sócio do pastor Silas Malafaia e juntos fundaram a AlvoX, uma empresa que oferece serviços tecnológicos, e seu público alvo são cristão. Ao portal O Globo, Silas Malafaia afirmou que desfez a sociedade assim que soube dos boatos de crimes envolvendo a outra empresa de Valdevino, a Rental Coins.

O “sheik” é investigado por crimes envolvendo estelionato e lavagem de dinheiro internacional. Por meio de sua empresa Rental Coins, Francisley Valdevino “alugava” criptomoedas com o objetivo de garantir lucros mensais de até 20% sobre os valores investidos. A organização criminosa atuava com marketing multinível, nos Estados Unidos e em outros pelo menos 10 países. Entretanto, a empresa faliu, e os investidores nunca receberam o retorno financeiro.

A empresa é alvo de processos movidos por Sasha Meneghel e João Figueiredo, seu marido, após o casal ter sofrido um golpe de R$ 1,2 milhão. Pelo menos outras 35 pessoas foram vítimas da Rental Coins no Distrito Federal.

Cerca de 100 policiais federais estão envolvidos na operação. Os oficiais cumprem 20 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 23ª Vara Federal de Curitiba. A Justiça também determinou o bloqueio de valores dos investigados e o sequestro de imóveis. Até agora, a PF apreendeu ouro, carros e relógios de luxo nas casas de Francisley Valdevino.

Operação Poyais

O nome da investigação – Operação Poyais – faz referência à um esquema de fraude investigado na Inglaterra no século 19. Um militar escocês enriqueceu estimulando pessoas a investir suas poupanças nos títulos de Poyais, um país que nunca existiu no mundo real.

Os crimes praticados pelo “Sheik dos Bitcoins” possuem certa semelhança com os golpes realizados pelo oficial. Francisley Valdevino também enriqueceu a partir do investimento de terceiros em propostas lucrativas que eram fictícias.

Bitcoins

O bitcoin é uma moeda inteiramente virtual que pode ser usada para a compra de serviços, produtos ou qualquer outro item que aceite ser pago com ela. Não é regulada por governos, bancos ou empresas, e é possível comprá-la por nenhum banco ou emissores de cartão de crédito.

O bitcoin é uma moeda limitada. Quando foi criada, estipulou-se que 21 milhões de moedas possam ser emitidas. Até 2019, estima-se 18 milhões de bitcoins já haviam sido emitidas.

Cada transação da moeda é feita entre membros, registrada em um software e por membros, que verificam as transações. Os bitcoins são armazenados em “carteiras digitais” – programas instalados em computadores e celulares – , por onde é possível acessar as moedas.

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