Ninguém daria importância ao que pensa, come ou como se reproduz o chamado Partido da Causa Operária, o PCO, se a organização minúscula não tivesse como modus operandi a busca incessante por exibir seus músculos e testosterona. Já vimos esse filme antes. Os grandalhões do PCO adoram pagar de bravos. A pena é que esses músculos raramente obedeçam ao comando do cérebro. Ontem, aconteceu mais uma vez.
A manifestação contra o genocida Jair Bolsonaro foi convocada pelas mais importantes organizações sociais brasileiras e por uma frente de partidos e de sindicatos que estão convencidos dos danos irreparáveis que o atual governante está causando à vida da população, à economia, à democracia e mesmo à auto-estima do povo.
É preciso retirar do Palácio do Planalto o “Mito” fascista, que nega vacinas para comprá-las superfaturadas, que destrói, dizima, mata e elogia a tortura. E ainda ri o riso da hiena sobre os cadáveres de suas vítimas!
Desta vez, a auto-denominada “Ala da Diversidade do PSDB” resolveu comparecer à avenida Paulista. Lembremos que o PSDB foi quem deu início a todas as articulações golpistas quando se recusou a acatar o resultado das urnas de 2014, que deram a vitória a Dilma Rousseff (PT) sobre a candidatura do tucano Aécio Neves.
Mal havia sido publicado o resultado eleitoral e Aécio já alegava uma suposta fraude (nos mesmos moldes que, depois, seriam vistos na contestação golpista na Bolívia, no Peru e mesmo nos Estados Unidos de Donald Trump). Aécio e o PSDB passarão à história como a vanguarda de todos os atrasos e tragédias políticas vividas pelas democracias ocidentais.
Também lembremos que os tucanos não ficaram aí. Oportunistas de carteirinha, apoiaram Bolsonaro mesmo depois de ele defender a tortura, o estupro de mulheres “que valessem a pena”… depois de o serial killer do Planalto Central se dizer contra as demarcações de terras indígenas, contra quilombolas, e até contra FHC, para o qual propugnou a morte.
Como esquecer da chapa Bolsodoria (Bolsonaro e João Doria em SP) ou o apoio que Eduardo Leite, governador tucano do Rio Grande do Sul, deu a Bolsonaro em 2018? Leite, que acaba de se assumir gay publicamente, apoiou Bolsonaro mesmo sabendo que o fascista preferia um filho morto em acidente de carro a sabê-lo homossexual.
Tucanos são assim. Espancam professores, usam as tropas de choque sem qualquer controle contra os movimentos sociais. Atacam mulheres e crianças que apenas querem um teto para viver.
Agora, quando a chapa esquentou para o maníaco motociclista, cercado de escândalos por todos os lados, o PSDB resolveu aderir aos atos Fora Bolsonaro. Mudou o PSDB? Claro que não. Mudou o País, que está horrorizado, vendo o sangue escorrer das mãos do miliciano-chefe.
Os tucanos não perderiam a chance de entrar na imensa mobilização anti-Bolsonaro, como forma de tentar mudar o curso dela e viabilizar uma Terceira Via, pela qual estão obcecados.
PSDB na “comissão de frente”
Então, ontem, pela primeira vez, o PSDB compareceu, com suas bandeiras, a uma manifestação-passeata contra Bolsonaro. Foram com 50 militantes, oriundos da tal Ala da Diversidade, que são os tucanos LGBTQIA+. Em vez de somarem na concentração em frente ao MASP (Museu de Arte de São Paulo), preferiram postar-se em estratégica posição que lhes garantiria o lugar “comissão de frente” da passeata. Uma glória medíocre, diga-se, a que a organização da manifestação nem deu atenção.
Mas aí surgiu o PCO, ou melhor, cerca de 30 homens parrudos (nove dos quais claramente provocadores), vestidos com as camisetas vermelhas do PCO, que resolveram colocar os tucanos pra fora da manifestação. Tudo na base, é claro, de violência, de músculos e de cabos de bandeiras, usados como armas de guerra.
Diante de um cenário de confronto que poderia resultar em vários feridos, um grupo de militantes do Movimento Sem Teto do Centro (MSTC) colocou-se entre os tucanos e o PCO. Entre esses militantes do MSTC estava Carmen Silva, 60 anos, a mais importante liderança do movimento de moradia do centro de São Paulo, e várias mulheres com crianças. Mas nem aí a sanha do PCO arrefeceu e os fortões resolveram partir para cima do MSTC. Resultado: três militantes do movimento de moradia ficaram feridos: um na cabeça, outro no estômago e outro no braço. Outros três tiveram seus celulares roubados durante a agressão.
O PCO foi à manifestação depois de ter retirado sua assinatura do super-pedido de impeachment de Bolsonaro, que reuniu Partido Comunista Brasileiro (PCB); Partido Comunista do Brasil (PCdoB); Partido Democrático Trabalhista (PDT); Partido dos Trabalhadores (PT); Partido Socialismo e Liberdade (PSOL); Partido Socialista Brasileiro (PSB); Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU); Rede Sustentabilidade; e Unidade Popular (UP), além de centenas de entidades e organizações populares. Para piorar, na véspera da manifestação, o PCO soltou em seu jornal texto que deixa claro o ânimo divisionista do partido em relação às manifestações contra Bolsonaro:
“Fora direita dos atos. Em ato da esquerda, tucano não gorjeia. Para a garantir a continuidade e a expansão do movimento fora Bolsonaro é necessários expulsar a direita dos atos.”
Mais claro, impossível! E segue o texto:
“É preciso escorraçar esses inimigos do povo das manifestações (…) É fundamental expulsar pelos meios necessários a direita das mobilizações (…) Nos atos da esquerda, tucano algum pode granjear (som emitido pelos tucanos), não há espaço para a direita, inimiga do povo.”
Em outro texto, o espetáculo de sectarismo segue: o mesmo PCO critica todos os que compareceram à manifestação vestidos com as cores da bandeira brasileira. Como se não houvesse a ameaça terrível de um golpe fascista no Brasil, armado pelos setores da linha-dura do Exército, pelas PMs aparelhadas, pelos milicianos e pelas empresas de segurança privada fortemente armadas e aliadas do bolsonarismo.
Sabemos o que é o PSDB e o papel que seus principais dirigentes desempenharam para que chegássemos até as sombras de agora. Mas sabemos que há setores sinceros de eleitores do PSDB que precisam ser atraídos para a defesa da Democracia, contra o fascismo. E a forma mais eficaz para evitar que eles estejam conosco, como já estiveram nas campanhas das Diretas Já, da Anistia e do Fora Collor, é na base da pancadaria.
O debate político não se faz com músculos, com covardia, atacando lideranças legítimas do movimento social, como é o MSTC, cujo único erro, na manifestação de ontem, foi evitar um mal maior, que aconteceria se a violência iniciada pelo PCO tivesse se generalizado.
O caminho da luta contra o Fascismo é árduo. E não é com esquerdismos infantis que derrubaremos Bolsonaro e chegaremos a um País mais justo e igualitário!
Todos unidos contra Bolsonaro!
Leia a nota do MSTC sobre os acontecimentos de 3 de julho:
Hoje, dia 3 de julho, o Movimento Sem Teto do Centro, liderado por Carmen Silva, foi às ruas com diversas organizações e partidos políticos. É o terceiro ato em que o MSTC se une ao povo contra o genocídio promovido pelo presidente Jair Bolsonaro.
Em um certo trecho da caminhada, o MSTC foi surpreendido por uma cena horrível: pessoas vestindo camisetas do Partido da Causa Operária (PCO) agrediam militantes do PSDB.
Carmen Silva de imediato tentou conter a briga a apaziguar o tumulto.
Nesse momento, três membros do movimento MSTC foram agredidos, um na cabeça, outro no estômago e outro no braço. Outros três tiveram seus celulares roubados.
O Movimento agora está com seus advogados, discutindo as providências legais para coibir novos episódios de violência.
Os atos, desde o dia 29 de março, estão sendo organizados com excelência por organizações e partidos de esquerda. O objetivo é só um: derrubar Bolsonaro e exigir vacina e dignidade.
Em nota, a liderança Carmen Silva disse:
“Os atos, desde o dia 29 de maio, estão sendo organizados com excelência por organizações e partidos de esquerda. O objetivo é só um: derrubar Bolsonaro e exigir vacina e dignidade.
Nós, do MSTC, estamos fazendo o que o governo não faz. Só o MSTC tem 150 núcleos de distribuição de cestas básicas nesse massacre orquestrado.
Agora mesmo, estamos trabalhando no empoderamento das mulheres negras, com a oferta de oficinas e outras atividades educativas.
Por isso, não aceitamos a agressão sectária de pessoas vestidas com as cores da revolução, que tentam dividir o grande bloco contra a ameaça do Fascismo. Não queremos mais ódio. Queremos um Brasil justo. Fora Bolsonaro!