Para Padre Júlio Lancelotti, sofrimento do povo de rua está ligado à ação violenta da GCM

Em entrevista aos Jornalistas Livres, o Padre Júlio Lancelotti, da Pastoral Povo da Rua, responde às declarações feitas na tarde de hoje (16/06) pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), a respeito dos óbitos de moradores de rua em decorrência da recente frente fria que assolou a cidade.

Haddad afirmou não haver ligação direta entre a ação da Guarda Civil Metropolitana e as mortes. Para o Padre Júlio, não se trata uma investigação policial a respeito de uma questão pontual, mas antes de um problema social, do trato diário da GCM com a população em situação de rua.

“Vamos em qualquer dos lugares onde a população de rua está perguntar: como é a ação da GCM?

É truculenta, ameaçadora, intimidatória, vexatória, humilhante. É o que se chama escracho.”

O padre afirma ainda que o fato de os laudos médicos não incluírem hipotermia como causa mortis não isenta a administração pública, uma vez que a temperatura é um fator agravante para condições sociais e de saúde pré-existentes. Para ele, as pessoas poderiam ter sido acolhidas ou mesmo socorridas a tempo, em todo caso.

“Eu penso que a administração pública deveria ser mais humilde, mais humana, conversar. Não ter medo de ser avaliada e até criticada, porque receber crítica pra mudar é um sinal de maturidade.”

Por fim, o Padre Júlio comenta a situação dos albergues da prefeitura, que segundo ele têm condições de insalubridade e não acolhem os moradores de rua de maneira humana. Ele coloca a disposição o centro de acolhimento da Casa Belém, na Rua dr. Clementino 608, aberta em todas as horas do dia e da noite:

“Se você encontrar um irmão de rua que quer ser acolhido pode trazer aqui, ele será acolhido com um abraço.”

Entrevista: Laura Capriglione
Edição: Henrique Cartaxo, para os Jornalistas Livres

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