Operação que matou 25 pessoas no Jacarezinho beneficia a milícia amiga de Bolsonaro

Operação policial, que já tem o maior numero de vítimas civis da história carioca, acontece um dia depois da visita de Bolsonaro ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro
Operação que matou 25 pessoas no Jacarezinho beneficia a Milícia amiga de Bolsonaro

Por Laura Capriglione

O fascista Jair Bolsonaro, amigo de milicianos, participou de reunião com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, na tarde de ontem (quarta-feira, 5 de maio). Menos de 12 horas depois, aconteceu o pior massacre da História em uma favela do Rio de Janeiro, a de Jacarezinho, na zona Norte da cidade.

Pelo menos 25 pessoas morreram depois que a Polícia Civil do Rio montou uma verdadeira operação de guerra contra a população pobre do local, com direito a caveirões, tiros de fuzis disparados de helicópteros, e invasão de casas e barracos. Nem a estação de trem vizinha à favela, onde se encontravam trabalhadores que se dirigiam ao trabalho, escapou de ser atacada pelas forças policiais.

Não foi uma mera coincidência a visita de Bolsonaro e o ataque no Jacarezinho.

Cláudio Castro, cantor católico que se diz “evangelizador”, era vice-governador na chapa de Wilson Witzel, o ex-juiz assassino que pedia pra polícia “mirar na cabecinha” de traficantes. Filho de peixe, peixinho é. Com o impeachment de Witzel, no dia 30 de abril, semana passada, Cláudio Castro ganhou de presente o cargo máximo no Estado do Rio. E fez uma festa sangrenta na inauguração de seu governo.

Não foi mera coincidência

A Operação Exceptis, deflagrada pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), teve como pretexto o fato de que “traficantes vêm aliciando crianças e adolescentes para integrar a facção que domina o território, o CV (Comando Vermelho)”. Foi, segundo a polícia, para proteger as criancinhas que pelo menos 25 pessoas perderam a vida no dia de hoje e que as calçadas e ruas do Jacarezinho se mancharam de sangue. Muito sangue.

O argumento é uma vergonha!

Tem crianças aliciadas para vender drogas desde que existe tráfico (ou seja, desde sempre). E isso acontece em todas, repetimos, todas as cidades e quebradas do Brasil.

Acontece também nos extensos territórios controlados pelos milicianos amigos do fascista Bolsonaro. Aliás, no Rio de Janeiro, hoje, a maior parte da cidade é dominada pela Milícia, que já controla 25,5% dos bairros do Rio de Janeiro, em um total de 57,5% do território da cidade. As três principais facções criminosas do tráfico de drogas —Comando Vermelho, Terceiro Comando e Amigos dos Amigos— possuem juntas o domínio de outros 34,2% dos bairros, perfazendo meros 15,4% do território.

Mas, obviamente, nas áreas controladas pelos amigos de Bolsonaro, não acontecem chacinas como as que vitimam as comunidades controladas pelos grupos rivais dos milicianos.

Isso também não é coincidência

A milícia entrou na disputa por territórios com as facções tradicionais a partir dos anos 2000, enquanto Comando Vermelho, Terceiro Comando e Amigos dos Amigos já estavam formados desde a década de 1990. O rápido crescimento da milícia deve-se ao fato de ela contar com todo o aparato bélico do Estado, já que é composta principalmente por policiais e ex-policiais.

Para conquistar novos territórios, dizimar inimigos e aterrorizar a população local, basta elaborar uma desculpa esfarrapada qualquer (como essa, de que a Operação Exceptis era para proteger as criancinhas) e colocar as forças policiais e militares em ação.

Porque é preciso perguntar: quem ganha com a ação assassina em Jacarezinho? E a resposta, obviamente é: a Milícia ganha, o Comando Vermelho perde. Simples assim. Hoje foi no Jacarezinho, ontem foi na Maré, anteontem foi na Cidade de Deus e assim vai se ampliando o território controlado pela Milícia.


O Rio de Janeiro coleciona massacres contra sua população mais vulnerável. Tornou-se a Pátria do Genocídio negro. E isso ocorre totalmente à margem da lei. Mônica Cunha, coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), lembrou que a operação realizada hoje desrespeitou determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu operações policiais em favelas do estado durante esse momento de pandemia. Mas, no Rio, vale tudo contra a população pobre e favelada.

Desde que não se contrariem os interesses da milícia amiga de Bolsonaro.

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS