O papel do povo brasileiro na sanidade das mulheres do BBB

Duas novas pessoas entraram no BBB na madrugada de hoje (5) e levaram com eles recados do público brasileiro. Daniel e Ivy passaram 4 dias numa casa de vidro e foram escolhidos pelo público para entrar na casa mais vigiada do Brasil.

Pra quem não está acompanhando o BBB, nessas duas semanas de programa 4 rapazes se revelaram ser a escória da humanidade. Petrix assediou sexualmente uma participante. Lucas disse que “só não comia outra participante porque não estava com fome”. Já Hadson e Felipe armaram para as meninas durante a formação do paredão. Os quarteto misógino teve como estratégia queimar as participantes comprometidas tentando fazer com que elas traíssem seus companheiros.

Tudo estava saindo como o planejamento deles… até a noite de ontem. Petrix era o queridinho da casa. Manipulador, ele colava nas minas para passar a imagem de bom moço enquanto era intimado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por assédio sexual. Eliminado com mais de 80% dos votos, a saída do esquerdomacho gerou estranheza na casa que esperava a eliminação de Hadson.

Durante a semana as mulheres foram chamadas de loucas pelo núcleo masculino hetero top da casa. Bianca e Flay ficaram do lado dos rapazes e condenaram e ridicularizaram Mari, Manu, Rafa, Marcela, Gi e Thelma.

O início da madrugada, após a permanência de Hadson, foi regado a muito choro e desejos de abandonar o programa. Mari e Manu, em desespero, pensaram em desistir por considerarem que estavam loucas. As sisters ficaram por horas se questionando se aquilo realmente tinha existido e se elas não estavam sendo injustas.

Aí entra o público brasileiro. Durante os quatro dias de confinamento na casa de vidro, milhares de pessoas levaram cartazes de recado para as participantes que sofriam agoniadas com a opressão e manipulação masculina.

“O Petrix precisa sair, depois tiramos o Hadson, Lucas e Felipe”
“Fala pra Marcela que ela tá certa”
“Fala pras meninas confiarem na Marcela”
“Se vocês não passarem o recado a gente tira vocês”

Marcela foi a responsável por desmascarar os rapazes que, mesmo gravados, negaram a estratégia de fazer com que as meninas traíssem seus companheiros para queimá-las com o público. Daniel e Ivy entraram na casa e, depois de alguns minutos de conversa com todos os participantes, foram para o Quarto Céu e abriram o bico. Mesmo com instruções de Boninho, que entrou na casa de vidro só pra dizer para os participantes “usarem a sabedoria e não dizeram tudo que sabiam”, eles abriram o coração para as meninas e desmascararam os manipuladores da casa.

Dos 30 assuntos mais falados do mundo no Twitter durante a madrugada, TO-DOS eram sobre o BBB 20. Milhares de pessoas viraram a noite acompanhando a união das mulheres que, após a revelação enviada pelo público, decidiram se unir e se proteger contra os ataques machistas e misóginos do núcleo hetero top da casa.

“Quantas mulheres não apanham, não morrem, por não conseguirem se desvencilhar de caras que fazem esses comentários” lembrou Manu ao citar a fala de Hadson que disse que era brincadeira todo o plano de difamação.

Numa só voz elas finalizaram a conversa entoando um lema “se respeitar, se proteger e acreditar uma na outra” e prometeram que, se alguma delas vencer o programa, a ganhadora dirá “ganhei por todas as mulheres do Brasil”,

https://twitter.com/fofoqueioficial/status/1224967272520962048

Ah, e pra finalizar, é importante dizer que BBB com polêmica é algo que o brasileiro já está acostumado, mas nos últimos anos, principalmente com o avanço do conservadorismo, muitas pautas que geravam discussão eram vistas como “mimimi”. Na edição passada temas como racismo, homofobia, machismo e misoginia foram levantados e duramente criticados. O racismo ridicularizou uma mulher negra reivindicando suas pautas. A homofobia banalizou as discussões sobre sexualidade. A noite é histórica, sim, mas também é importante lembrar que a Globo não dá ponto sem nó. Mulheres tendo voz contra o machismo não é comum e a gente bem sabe. Agora é esperar pra ver o que vem por aí.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres

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