Por Carlos Eduardo Alves, jornalista e analista político*
Passadas horas de justa zoação do recuo humilhante do genocida, convém agora falar sério. É óbvio que o fascista não se prestaria ao exercício vergonhoso de genuflexão se tivesse conseguido o que seu delírio dava como certo: o golpe em 7 de Setembro. Deu ruim e as coisas saíram de seu controle demente. Fez, com a nota patética, uma tentativa de recobrar o fôlego e de ser, apesar do déficit cognitivo dele e de seus muares medalhados, mais esperto que a esperteza.
É preciso estar MUITO atento ao que vai acontecer nos próximos dias no STF. MUITO. Não se admire se houver uma “amaciada” para o genocida. Notas em jornais noticiaram nos últimos dias articulações de Gilmar Mendes para “desanuviar” o ambiente político. Gilmar, lembre-se, é um juiz político que sempre esteve aliado aos grandes conglomerados econômicos no Brasil.
E, não se esqueça nunca, o STF é comandado pelo inacreditável ministro Fux. A elite está apavorada com a rapidíssima deterioração dos indicadores econômicos, muito em função do genocida. Calmaria é o que pede, enquanto cultiva ainda o sonho de construir a terceira via.
Está no STF, por exemplo, a possibilidade de dar legalidade ao calote nos precatórios que, de um lado, permitirá o Bolsa Família ampliado e, de outro, acalmará o mercado na base do engana que eu gosto ao não romper oficialmente o Deus Teto de Gastos.
Nas mesas das togas estão também questões sobre o sim ao liberou geral do armamento e, muito principalmente, a possibilidade que mais desespera o genocida: cana para Carluxo no inquérito das fake news. Não foi à toa ou por preguiça que o filho limítrofe esteve ausente no 7 de Setembro. Maluco pero no mucho.
A construção desse acordo esbarra na adesão de Alexandre de Moraes. Pode concordar ou não. O temperamento do ministro não autoriza aposta segura do caminho a apostar. Temer, com suas mãozinhas assustadoras e larápias, deve ter assegurado ao genocida que controlará Moraes, mas não pode dar garantia de entrega da mercadoria. A conferir.
Finalmente, o menos trabalhoso na manobra de um possível acordo é o gado bolsonarista. Vai dormir puto alguns dias, mas depois vai acreditar que o recuo humilhante é, na verdade, uma manobra genial do estrategista genocida. Já estrebucharam algumas horas e logo aceitaram o rompimento com o dr. Conje, por exemplo. Usando uma linguagem sofisticada utilizada nos grandes e intrincados debates filosóficos da Academia, o gado sofre da “Síndrome do Corno Manso”. A escola nórdica prefere “Síndrome do Corno Feliz”, mas isso é irrelevante.
O problema é, como na fábula, a natureza do escorpião. O genocida não vai conseguir se controlar, mesmo que obtenha a garantia de que o filho limítrofe, Dudu Bananinha e Flávio Rachadinha não serão presos. A cabeça do genocida é incontrolável. E recebe aviso de que perderá a eleição. Logo, não há vida fora de golpe.
Tudo posto, a calmaria aparente não pode enganar o setor democrático. O genocida está nas cordas, se finge de manso para atacar o enfermeiro do hospício (ia escrever aquela do coveiro mas preferi manter o nível). Vem tentativa de acordo com a elite aí, o mercado está em êxtase. A mercadoria que move a alegria dessa turma é a penúria do pobre e da liberdade. Sem trégua com o genocida.
(*) Do Facebook do autor