O AFÃ DE MATAR EM 23 MINUTOS

A turma que, com base nos cálculos de investigadores proféticos aguarda ainda para 2017 a volta do Messias, não tinha mencionado que antes da aclamada aterrissagem, teríamos que contar com o retorno oficializado da Ku Klux Klan e o desabrochar de Bolsonaros e Trumps.

Há menos de 5 meses para o término deste ano fascinante em que a humanidade nos deu infinitas provas de que não há mais racismo, já podemos mandar Jesus descer com sua nave em outro lugar, afinal…não. Não precisamos nos salvar.

É hipoteticamente factível conviver com a extrema-direita e os soldados nazifascistas financiados por chefes de Estado movidos pelo afã de matar. Está tudo dentro da ordem, e o projeto pelo ‘embranquecimento’ da mãe Terra caminha. De vento em popa!

Para tanto, respondemos sem qualquer comoção ao terrorismo doméstico praticado em nosso próprio país. Mas, alto lá! Que seja condenada qualquer prática que represente ameaças aos homens de baixa pigmentação.

Vistam suas roupas, calcem seus sapatos e coloquem a água do chá para esquentar. Mas acalmem-se. Essa ação precisará levar 23 minutos para que um novo óbito de um jovem preto seja contabilizado antes que o mesmo assista ao retorno daquele que morreu para nos salvar.

Apenas 23 minutos. O relatório final da CPI do Senado que investigou o Assassinato de Jovens divulgado em junho de 2016, dá conta de que 23.100 pretos ainda na ‘flor da idade’ (entre 15 a 29 anos) são mortos por ano. 63 por dia.

Enquanto isso a imprensa branca golpista lamenta, há quase uma semana, a morte dos cerca de 100 policiais de janeiro para cá na maravilhosa cidade abençoada pela estátua do Cristo. Mas, NÃO! Não retirem o santo concreto esculpido do alto do morro do Corcovado. A menos que a intenção seja despertar a ira da classe política fascista, que, fiel aos ideais da instituição família, trabalha para uma “Globo” por um globo mais ‘claro’ e ‘justo’… Onde o sexo entre pessoas do mesmo gênero é infame heresia.

E o projeto com vistas a deixar o mundo cada vez mais pálido é sucesso! Entre 2003 e 2013 a violência contra mulheres brancas recuou 9,8% enquanto as agressões contra mulheres pretas aumentaram 54,5%.

É essa a terra tupiniquim não racista. Brasil onde só há mais pretos nas cadeias porque as leis desenhadas pelo homem branco o protegem do genocídio fomentado por ele mesmo.

Portanto, preparem suas pistolas. Vistam a máscara da coragem revelada por detrás da tela de seus tablets, smart phones e laptops. Com a ascensão da extrema direita de Bolsonaro, vai ser preciso agilidade para teclar as ofensas destinadas à população preta quando a vontade era mesmo a de apertar o gatilho.

Não. Não há mais racismo. E isso porque… CINISMO, A GENTE VÊ POR AQUI.

Por Nayara de Deus, dos Jornalistas Livres

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