A polícia prendeu um grupo de jovens neonazistas em Santa Catarina. A operação, que ocorreu nesta quinta (20), também identificou e alertou sobre novos símbolos usados por extremistas. O Fantástico acompanhou a Polícia Civil no desmonte do grupo neonazista. A investigação começou em abril de 2022, a partir da prisão de um estudante de Engenharia de Agricultura de 24 anos preso por tráfico de drogas que guardava bandeiras neonazistas e uma arma de fogo ilegal em casa.
Por Emanuela Godoy e Júlia Galvão
Os policiais também chegaram até a casa de um dos integrantes do grupo nazista, que mora em uma das praias de Florianópolis, tem 22 anos e é estudante de letras na Universidade Federal de Santa Catarina. O estudante atuava em um grupo intitulado “Aniversário do Führer”. Führer, líder em alemão, era a maneira pela qual os nazistas se referiam a Hiltler. Nesse grupo, um integrante diz: “Vamos matar mendigo amanhã”, e o jovem de 22 anos responde: ““Mendigo, nordestino… todos os mendigos, negros e nordestinos deveriam ser fuzilados”.
Em outra mensagem, outro membro do grupo que foi preso contou que conseguiu uma boneca “para nós pintarmos de negra e queimar, zoar, vestir ela de judeu.” A mãe do rapaz preso contou que o menino começou a se interessar pelo nazismo por causa de seu avô. Uma impressora 3D, utilizada para a impressão de peças de armas, também foi encontrada pela polícia.
Em seguida, a polícia prendeu outros quatro integrantes do grupo neonazista, três em Joinville e um quarto em São José. Um dos presos é auxiliar de escritório, com 24 anos e formado em Comércio Exterior. Em sua casa, encontraram uma espingarda calibre 32 ilegal e munição. Com um estudante de Direito, de 20 anos, foram encontradas munições e referências a estéticas à SS, o principal órgão de repressão e tortura antes do nazismo chegar ao poder.
Grupos neonazistas crescem em governo Bolsonaro
Os grupos neonazistas vêm crescendo no Brasil nos últimos anos, o fato parece estar diretamente ligado ao governo Bolsonaro e à ascensão de grupos de extrema direita no país. A antropóloga Adriana Dias, em entrevista ao Fantástico, comenta que existem pelo menos 530 núcleos neonazistas no Brasil com cerca de 10 mil pessoas ativas. Uma equipe de estudiosos revelou que as células de grupos neonazistas cresceram 270,6% no Brasil entre janeiro de 2019 e maio de 2021, esses coletivos são motivados e fortalecidos por meio de discursos de ódio contra grupos minoritários. Além disso, a falta de punições a esses indivíduos fortalece a manutenção destes no território nacional.