Não Serão Flores

No último domingo (19), a Frente Independente de Refugiados e Imigrantes formada pelo GRIST – Grupo de Refugiados e Imigrantes Sem-Teto, pelo MOP@T – Movimento Palestina para Tod@s, pela Equipe de Base Warmis-Convergência das Culturas e pelo Visto Permanente – Acervo Vivo das Novas Culturas Imigrantes com apoio de Refugees welcome, realizou o “I Festival do Dia Internacional do Refugiado”, na capital paulistas. Na programação: shows de músicas, gastronomia, artesanato, oficinas e performances.

Veja o belíssimo relato do fotógrafo Helio Carlos Mello, especial para o Jornalistas Livres:

Aqui e agora, a rua é sentido de festa, pensamento estrangeiro, outras formas do viver na perpétua fuga do ser humano, entre pontos e continentes. São pretos, gente de pele branca dourada e olhos indígenas de latinos. Na rua o restaurante Al Janiah se estabelece como contra ponto à invisibilidade dos refugiados e suas questões, gente sem ter e tributos infinitos, um espaço para debates constantes e resposta à cidade que quer saber.

Me achego nessa antiga via da velha São Paulo de Piratininga, às margens do canalizado córrego Anhangabaú. Me surpreende pensar que ali passa um rio, logo ali sob os asfaltos, um rio muito antes. Se nesses terrenos os índios foram catequisados, aqui e agora é o refúgio de outros também estrangeiros e fora da ordem.

Não me iludo. Não serão flores nem copo de vinho em todo poderoso preconceito que em seus traços percorre humana rota de fuga e socorro, também os brasileiros, não importa que neguem, rega preconceitos em nossa história definida pelas elites seculares.

Coisas tão normais e que alegra a vida surpreende a cidade em inverno, sinais de que podemos sim desarmar preconceitos e nos aquecer na diversidade, numa riqueza colorida de culturas que somam e desarmam intolerâncias.

Não importa que doa, não importa que falte, é preciso seguir juntos na primeira, segunda e terceira pessoa. Morte e ressurreição.

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS