Lá estava a nave pousada, uma estrela colorida no Planalto Central, o claro instante cantado por tantos.
Um enlaçar de braços, antiga tecnologia que ao poder apavora, renega, trama resistência.
É pena.
São plumas amarradas na linha, que na cabeça ostenta todo poder da gente nativa,
a coroa de antigas posses.
Devastação,
plano piloto que afirma,
sinal da cruz entre maracas e chocalhos.
O Plano Piloto de Brasília, no Distrito Federal, foi elaborado por Lúcio Costa, vencedor do concurso, em 1957, para o projeto urbanístico da Nova Capital. Teve sua forma inspirada pelo sinal da Cruz.
Nada disso tem valor nos mercados que oscilam, bolsa e valores que devoram toda gente,
reformas em todo mato,
cursos da terra, rios que cuidam de muitos povos.
Eram índios, tantos e tantos no eixo entre as asas do plano piloto,
aldeia vasta, improvisada, reciclando materiais, uma ocupação em território nefasto.
Ajuntaram-se todos plenos
onde é proibido estacionar.
Tem a pedra no meio do caminho, tem a pluma, tem essa gente toda que não desiste.
Se pintam a testa e o pescoço de vermelho, cabelo preto,
é porque sabem que nenhuma uma gota a mais desse sangue querem derramada, nem será permitido.
O sangue indígena nas veias, a luta pela terra, afirmam.
Pele de ouro, urucum na face, terra nos pés, um coro das mulheres.