No Grito dos Excluídos em Maceió movimentos, organizações, participantes se unem em ato de resistência, para chamar atenção das lutas e em defesa pelos direitos humanos e sociais.
A 27ª edição do Grito dos Excluídos em Maceió – Alagoas aconteceu nesta terça-feira (7 de setembro de 2021) na orla da cidade. Desde cedo manifestantes chegavam em grupos, do interior e da capital, e se concentravam na Praça Sete Coqueiros na Praia da Pajuçara. Eles chamavam atenção de quem passava, com muita alegria e música. A manifestação iniciou no meio da manhã, na Praça Sete Coqueiros e foi até a praia da Ponta Verde, na altura do trecho chamado pelos locais de “faixa de gaza”, encerrando por volta do meio dia.
O ESQUENTA
Por volta das 9h já haviam cerca de 500 representantes das Centrais Sindicais, do Movimento dos Trabalhadores sem Terra, das Pastorais, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), de movimentos estudantis, de partidos políticos, de professores, de trabalhadores da saúde, indígenas e outros. No esquenta para a passeata, gritos de ordem, protestos contra a alta dos preços dos alimentos, contra o marco temporal e o desemprego. A defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), da educação pública de qualidade e pelo direito humano à alimentação eram alguns dos slogans falados a todo momento.
Roniel Rodrigues, 19 anos, estudante de pedagogia e participante em Alagoas do movimento “arte gay – Articulação Brasileira de Homens Trans, Gays e Bissexuais”, fala que veio participar do Ato para “lutar contra esse genocídio que está sendo plantado no nosso país“. E completa “precisamos derrubar esse fascismo”. Roniel continua dizendo que a juventude está aqui para “lutar mais uma vez”. Destaca as bandeiras de luta: moradia popular, alimentação, auxílio emergencial, pela educação, pelas vidas indígenas, pelo povo preto, pelos professores. E termina com “fora Bolsonaro”.
“Estamos aqui para lutar mais uma vez”
Roniel Rodrigues
Um dos coordenadores do ato, Zenus, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) destaca que todos os anos o CIMI, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), as pastorais sociais do Campo estão ligadas à organização e articulação do processo do Grito dos Excluídos. Ele explica que o ato “é uma forma respeitosa de dizer ao governo que não concordamos com o que está acontecendo”. E continua falando que os movimentos sociais e as pastorais “estão aqui (…) para dizer à sociedade que os excluídos estão em torno de nós – os índios, os quilombolas, os pescadores, os moradores de rua, aqueles que foram atingidos agora com a Braskem e perderam suas casas”.
“Os excluídos estão em torno de nós”
Zenus – CIMI
Zenus comenta também que estão aqui para gritar contra todos esses processos que excluem e causam danos à sociedade. E conclui: o Grito dos Excluídos “é uma forma pacifica, democrática de dizer um não aquilo que a sociedade não vê como bom para ela”. “O Grito dos Excluídos é um grito pela Vida dos excluídos, dos que estão à margem da sociedade e que precisam ser vistos pelo governo”.
Irmã Gelda comenta que veio participar do Grito dos Excluídos para que junto com “todos aqueles que buscam mais vida para todos! Que seja reconhecida essa dignidade do cidadão brasileiro, da cidadã brasileira possam gozar, possam ser realmente com o necessário para viver”
Já a senhora Isabel Jovelia, 81 anos, agricultora familiar que mora no povoado de São José conta que veio do interior para participar do 27º Grito dos Excluídos e “caminhar juntos“ para defender os direitos (seus) e de todos.
A SEGURANÇA NO GRITO DOS EXCLUÍDOS
O Capitão Tiago da Unidade de Gerenciamento de Crise da Polícia Militar de Alagoas, responsável pela operação de policiamento no entorno da manifestação do Grito dos Excluídos, comenta que “o movimento em Maceió está acontecendo da melhor maneira possível”. Tiago explica que guarnições e viaturas de diversos batalhões, como Operações Policiais Especiais, Rotam, Batalhão Escolar, 1º Batalhão, estão mobilizadas. Informa também que “até agora não foi registrado nenhum problema, em ambas as partes (movimento Grito dos Excluídos e Movimento em apoio ao Bolsonaro).
Tiago comenta sobre local e horário de realização das manifestações. Diz que que apesar dos movimentos de esquerda e de direita terem tido autorização para iniciarem no mesmo horário (9:00h), na orla da Maceió, cada manifestação teve autorização de ser realizada em uma ponta: O Grito dos Excluídos na Praça 7 Coqueiros (Praia da Pajuçara) e a Manifestação pró-Bolsonaro, na praça Vera Arruda (Praia da Jatiúca). Destacou também que entre as manifestações foi colocada barreira policial e física, com objetivo de “impedir que os movimentos se encontrem”.
Sobre cidadãos portando armas, o capitão Tiago fala que “não será permitido”. E continua, o procedimento a ser adotado: o cidadão será abordado, se a arma estiver irregular, ele será conduzido para a delegacia; de a arma for legalizada, o cidadão será orientado e convidado a se retirar do evento.