Na reta final, Haddad recebe manifestações de votos improváveis

Com Talita Perna

Desde o último domingo, 21, quando o candidato Jair Bolsonaro (PSL) subiu o tom de sua campanha a níveis estratosféricos, revelando-se para além de sua já conhecida face autoritária, um ditador, capaz de mandar prender e “acabar com a raça” de seus opositores, a campanha de Fernando Haddad vem recebendo apoios que até então pareciam impossíveis.

A candidata da Rede Sustentabilidade, Marina Silva, não se alinhava com candidatos petistas desde que deixou o partido discordando até mesmo do ex-presidente Lula. Em 2014, no segundo turno, ela apoiou o candidato tucano Aécio Neves em detrimento de Dilma Rousseff. Já na segunda-feira, 22, ela publicou nas suas redes sociais o voto no “professor Fernando Haddad” por “dever ético e político”.

 

 

Outro crítico do PT e de Lula, o senador eleito Jarbas Vasconcellos (MDB/Pernambuco) pediu votos para Geraldo Alckmin (PSDB) no primeiro turno, mas declarou nesta quarta-feira, 24, seu voto em Haddad.

“Apesar das minhas críticas ao PT nos últimos anos, jamais apoiaria Bolsonaro. Não há condições. São caminhos e pensamentos opostos. Ações contraditórias entre mim e ele”, declarou o emedebista à imprensa.

Ex-presidente do PSDB (!) e ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman, publicou um longo vídeo em que explica suas razões para seu improvável voto em Haddad. Para ele, Jair Bolsonaro “passou dos limites aceitáveis no último domingo”. E, depois de lembrar sua participação decisiva na “CPI do Mensalão” na Câmara, disse que votará “em Fernando Haddad, contra a ameaça aos valores democráticos”.

Outro tucano paulista, o vereador e secretário municipal de Inovação e Tecnologia escolhido por Doria, Daniel Annenberg disse à Folha que votará no petista contra uma candidatura que “vocifera violência” e “flerta com a ditadura militar”.

Candidato à presidência no primeiro turno, José Maria Eymael (DC), também publicou uma mensagem em seu perfil no Facebook em que declara apoio ao candidato petista.

A publicação veio logo após a participação de Bolsonaro por vídeo na manifestarão de ultra-direita na Paulista. “Proponho ao Candidato a Presidente, Fernando Haddad,que ULTRAPASSE as fronteiras do PT e firme, com as Lideranças Político Partidárias Democráticas do País, o PACTO NACIONAL PELA DEMOCRACIA NO BRASIL!”,aconselhou em caixa alta o democrata cristão. 

O apoio mais aguardado entre os progressistas ainda não veio de forma mais explicita, mas o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso também se manifestou depois do comício dos Bolsonaro no centro financeiro do País:

“Inacreditável: um candidato à Presidência pedir às pessoas que se ajustem ao que ele pensa ou pagarão o preço: cadeia ou exílio. Lembra outros tempos. O que o Brasil precisa é de coesão no rumo do crescimento e diminuição da desigualdade”, escreveu FHC num tuite depois de ser provocado por telefone pelo próprio candidato Fernando Haddad.

 

 

 

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