Movimento de luta por moradia realiza nova ocupação em São Paulo

Por Igor Siqueira

O Terra Livre oficializou no último dia primeiro uma nova ocupação em São Paulo, no bairro do Butantã. O movimento atua na luta por moradia há oito anos nas áreas rurais e urbanas em diferentes regiões do Brasil. Ao todo, o grupo conta com pelo menos 10 mil famílias em assentamentos e/ou ocupações.

Os membros do Terra Livre entraram na nova ocupação pela primeira vez no dia 29, quando encontraram o local como um potencial foco de doenças, em péssimas condições de higiene e abandonado há cerca de quatro anos, sem cumprir qualquer função social.

 

Segundo alguns moradores, o imóvel ocioso apresenta indícios de irregularidades na sua construção. O movimento alegou estar levantando maiores informações.

 

Na madrugada do último dia 2, mais de 72h depois da ocupação, a Polícia Militar foi acionada e chegou a entrar no local sem mandato judicial. Dentro estavam pelo menos 40 pessoas, incluindo crianças e mulheres grávidas.

Apesar do momento de tensão, o proprietário foi orientado a solicitar reintegração de posse através do poder judiciário e os ocupantes permanecem abrigados no local.

 

Além de servir de moradia, a nova ocupação deve promover diversas atividades culturais abertas à comunidade. A limpeza e a manutenção do local trarão benefícios também para a vizinhança, que até então estava expostas a doença como febre amarela e dengue.

O imóvel ocupado está localizado na Rua Afonso Vaz, número 463, Butantã. Segundo o movimento, os ocupantes necessitam de colchões, itens de higiene, cobertores e alimentos.

Tragédia do Paissandu

 

A nova ocupação do Terra Livre acontece quase a um mês após o desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, no dia 1º de maio. A tragédia acabou chamando atenção para o problema do déficit habitacional na cidade de São Paulo, atualmente de 358 mil moradias.

 

Até o dia 13 de maio – quando os bombeiros encerraram as buscas nos destroços – sete corpos foram encontrados e identificados. Duas pessoas seguem desaparecidas: Eva Barbosa Lima, de 42 anos, e Gentil de Souza Rocha, 53 anos.

 

Ameaça de despejo

Segundo Renato Vieira, membro do Terra Livre, a nova ocupação do Butantã nasce de uma ameaça de despejo enfrentada por 25 famílias em um outro edifício ocupado pelo próprio Terra Livre, no bairro da Pompéia. “A prefeitura, o judiciário e a mídia estão se utilizando do desastre do prédio de vidro para criminalizar os movimentos de moradia. Não dão resposta para o déficit habitacional e mesmo assim criminalizam quem faz o serviço que deveria ser do estado” afirmou.

 

A ocupação ameaçada tem o nome de Luana Barbosa em homenagem a Luana Barbosa dos Reis Santos, morta por policiais militares em Ribeirão Preto (SP) no ano de 2016.

 

 

Após o desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, a ocupação Luana Barbosa também serviu de ponto de coleta para doações em solidariedade às famílias desalojadas que, até hoje, permanecem acampadas em frente a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.

 

Desde o dia 25 de maio as famílias abrigadas vivem sob ameaça de uma reintegração decretada em caráter de urgência e podem ser despejadas a qualquer momento.

 

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