Moradores de ocupação em Campinas protestam contra reintegração de posse

Foto: Ana Carolina Haddad

Moradores da ocupação Mandela, localizada no Jardim Capivari em Campinas (SP), foram às ruas na manhã desta quinta-feira (26) para protestar pelo direito à moradia, depois da ameaça de reintegração de posse. Cerca de 500 manifestantes, entre adultos, idosos e crianças, saíram da ocupação, na periferia da cidade, às 6h30 da manhã, e caminharam até a prefeitura, chegando lá por volta das 10h40. Eles representaram as 800 famílias que moram no Mandela desde julho de 2016, numa manifestação pacífica.

Durante o protesto, a comissão da ocupação, junto aos vereadores Pedro Tourinho (PT), Mariana Conti (PSOL) e Gustavo Petta (PCdoB), entregou as reivindicações à Companhia de Habitação Popular de Campinas (Cohab). O secretário da pasta, Samuel Rossilho, confirmou o pedido judicial de reintegração de posse e afirmou que a Prefeitura vai prestar auxílio às famílias, justificando as atuais dificuldades ao Governo Federal.

Porém, segundo Priscila Luciana Nicolau, integrante comissão e moradora da Ocupação Mandela, a comunidade tenta diálogo tanto com os proprietários para uma possível compra do terreno assim como com a administração municipal desde o início de sua formação, sem sucesso. “Tentamos várias vezes falar com o assessor do [prefeito] Jonas Donizette, mas ele nunca nos atendeu, nunca nos retornou”. A reivindicação da comunidade é o diálogo com a prefeitura para que as 800 famílias não fiquem desalojadas, como explicou Célia Maria Santos, também coordenadora da comissão e moradora do Mandela. “Queremos que eles intervenham na negociação, porque queremos negociar com os proprietários. Não queremos nada de graça, apenas a nossa moradia digna”.

Caso a ocupação sofra reintegração de posse, a moradora Elaine Lobo, que está desempregada e afirma não ter condições de pagar aluguel no momento, com seus dois filhos para alimentar, sem contar outros gastos, teme ficar na rua. “Ou vai pra rua ou fica na ocupação, então estamos lutando pelos nossos direitos. A ocupação não é um bicho de sete cabeças não, principalmente para quem precisa, a gente precisa se adaptar a muita coisa”.

A ocupação já sofreu uma reintegração de posse no ano passado, quando a Secretaria de Habitação de Campinas (Sehab) pressionou os proprietários do terreno, sócios da Cerâmica Argitel, a adotarem medidas judiciais, sob a justificativa de dano ambiental e parcelamento clandestino, publicado no Diário Oficial do município na época. Mesmo assim, os moradores voltaram para o terreno, inutilizado há 44 anos.

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