Moradores da ocupação Mandela acampam de novo pelo direito à moradia

Fotos: Ana Carolina Haddad

Por Ana Carolina Haddad, especial para os Jornalistas Livres

Ocupação Mandela / Fotos: Ana Carolina Haddad

Mais uma manifestação em reivindicação ao direito à moradia foi realizada pela Ocupação Mandela, localizada no bairro Jardim Capivari, em Campinas (SP), nesta sexta-feira (24). Os manifestantes da ocupação também estão acampados no Largo do Rosário, no Centro, desde quarta (22) passada.

O ato faz parte de uma série de protestos desde o começo do ano contra a ameaça de reintegração de posse, com mandato judicial desde agosto de 2016, que pode acontecer a qualquer momento, segundo a Polícia Militar.

São cerca de 600 famílias do Mandela que ocupam a área, inutilizada há 44 anos, desde julho do ano passado. Não é a primeira reintegração de posse por qual passam: nessa mesma época, a Polícia Militar já havia realizado uma ação, que tirou 30 famílias do local, mas que logo depois voltaram.

Durante a manhã desta sexta-feira, uma comissão do Mandela, junto aos vereadores Mariana Conti (PSOL), Pedro Tourinho (PT) e Gustavo Petta (PCdoB), participaram de uma reunião com o secretário de Relações Institucionais, Wanderley de Almeida. O vereador Gustavo Petta, do PCdoB, diz que a prefeitura afirmou que não foi notificada da reintegração.

“Há uma reintegração de posse que pode ser executada a qualquer momento. Então estamos apelando para que o poder judiciário se sensibilize diante desta questão, e construa um caminho de negociação entre o proprietário da área e a liderança dos moradores. Pedimos isso ao prefeito, mas a prefeitura disse que não foi notificada da reintegração, mas que a reintegração continua, podendo ser executada”.

Segundo alguns relatos de membros da ocupação, a Polícia Militar tem rondado a comunidade nas últimas semanas. O integrante da comissão do Mandela, Régis Nascimento, comentou que até mesmo drones da polícia foram vistos na região.

“A polícia militar tenta pressionar psicologicamente todo mundo, então ela manda um monte de viatura cinza, daquelas que são maiores, que vem aquele pessoal fardado, aqueles soldados enormes, pra pressionar a comunidade psicologicamente. No começo da semana teve até drone circulando a área pra realmente fazer essa pressão psicológica”.

Os moradores da ocupação vêm realizando manifestações desde o começo deste ano, para que a prefeitura abra diálogo com a comunidade e dê assistência habitacional às famílias.

A Prefeitura de Campinas também chegou a afirmar, segundo participantes da reunião, que a reintegração de posse não é de competência do poder Executivo. A Companhia de Habitação Popular do município informou anteriormente que só quem estiver regularmente inscrito no programa da prefeitura, e for sorteado pelos programas habitacionais, será auxiliado pela administração.

Depois da reunião na sexta, membros da ocupação Mandela e vereadores do município afirmaram que marcaram uma reunião com o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo para negociar a situação na próxima terça-feira (28), em Campinas. Tentamos contato com a assessoria da secretaria para confirmar a informação, mas não recebemos resposta até o fechamento da reportagem.

A ocupação significa hoje para mais de 2500 famílias a única garantia de acesso à moradia, sobretudo diante da ausência de investimento neste que deveria ser um direito assegurado pelos governos, mas que na realidade se torna uma moeda de troca destes para com as empreiteiras e a crescente especulação imobiliária. Nessa realidade os trabalhadores e a população pobre são os únicos prejudicados.

 

Veja outras matérias sobre a Ocupação Nelson Mandela AQUI e AQUI.

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