Ministro de Bolsonaro orienta que apoiadores sabotem os institutos de pesquisas

Fábio Faria, ministro das Comunicações do governo, aponta erros nas pesquisas do primerio turno e pede para que sejam ignoradas no segundo
Fábio Faria, que pede para sabotarem as pesquisas, ao lado de Bolsonaro, que também questiona os institutos - Foto: Repodução
Fábio Faria, que pede para sabotarem as pesquisas, ao lado de Bolsonaro, que também questiona os institutos - Foto: Repodução

O ministro das Comunicações do governo Bolsonaro, Fábio Faria, publicou nesta terça (4) em suas redes, um vídeo em que pede para que os apoiadores do presidente não respondam institutos de pesquisas como Datafolha ou Ipec nesse segundo turno. Na legenda do vídeo escreveu: “Divulgar pesquisas como arma de manipulação do eleitor deve ser proibido. Não vamos permitir que os institutos prestem esse desserviço.”

Por Emanuela Godoy

Fábio Faria inicia sua fala lembrando que é muito importante que o vídeo viralize para todos que gostam do presidente Bolsonaro e são contra o PT. Então o ministro passa ao menos dois minutos apontando os “erros” dos institutos de pesquisa nesse primeiro turno. É verdade que as pesquisas tiveram dificuldade para identificar o voto útil de última hora em Jair Bolsonaro e em outros candidatos bolsonaristas, mas isso não significa que estivessem erradas. Os estudos apontavam já uma grande porcentagem de indecisos e de pessoas que consideravam dar uma segunda chance ao presidente. A diretora do Datafolha, Luciana Chong, defende que a pesquisa de sábado também pode ter influenciado esse eleitor a antecipar seu voto do segundo turno, abandonando a segunda via e escolhendo o atual presidente. Mas Fábio Faria descartou a explicação dos especialistas, para o ministro negacionista, as pesquisas são fake.

O ministro finaliza o vídeo: “Não respondam mais a nehuma pesquisa desses institutos de pesquisa, nem do Datafolha, nem do Ipec nesse segundo turno. Se eles erraram por 14, por 22, por 17, deixe eles errarem por 50, por 60, deixe dar Lula 60 a zero, 100 a zero, a gente sabe que o que vale é o voto de vocês.”

Ministro pede que bolsonaristas sabotem as pesquisas

O jornalista de dados, Marcelo Soares, ao analisar o resultado do primeiro turno, já havia apontado para a possibilidade de uma sabotagem aos institutos de pesquisas por parte dos eleitores de Bolsonaro. “A média dos resultados dos institutos de pesquisa mais sérios só ficou fora da margem de erro para um candidato: aquele que passou mais de quatro anos insuflando seus eleitores contra pesquisas”, disse o analista. Soares explica que o crescimento de Bolsonaro no primeiro turno em relação as pesquisas pode, portanto, ser entendido como uma recusa dos bolsonaristas em responder esses institutos. Acontece que os estudos se baseiam na opinião de quem topa responder. Sendo assim, se há um boicote por parte dos apoiadores do presidente, isso acaba refletindo nas pesquisas. Para o analista de dados, como os demais candidatos, em média, não ficaram fora da margem de erro, essa seria uma das explicações plausíveis.

Após a fala de Fábio Faria, Thaís Carrança, repórter da BBC, publicou: “Se a não resposta bolsonarista aos institutos de pesquisa antes era uma hipótese, agora é uma orientação explícita”. Mesmo com uma migração de votos para Bolsonaro de última hora, a explicação de que houve já uma recusa em repsonder os institutos no primeiro turno se tornou bastante plausível. A estratégia desses bolsonaristas é induzir os institutos de pesquisa ao erro, provocando medo na população e impedindo que as pessoas que irão votar no dia 30 tenham pleno acesso a informação.

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