Por José Roberto Torero*
Caro Diário, estou agora no avião, indo para os Estados Unidos. Lá em Dallas (eu gostava muito daquela série, até comprei um chapéu que nem o do J.R.Ewing) vou receber um prêmio muito importante. Quer dizer, para mim, todo prêmio é importante. Pode ser taça, medalha, diploma, qualquer coisa. Como eu nunca ganhei muito troféu na vida, qualquer um que vier é bom.
No Texas eu vou me encontrar com o George W. Bush. Sempre achei ele um cara muito inteligente. Vai ser uma conversa em tall level.
Antes, a entrega do prêmio ia ser em Nova Iorque. Mas o prefeito esquerdopata de lá me boicotou. Só de raiva, aqui no avião estou vendo um filme em que a cidade é destruída.
Dá-lhe Godzilla!
O meu pessoal não foi no jantar em Nova Iorque. Nem o Guedes. Mas o Toffoli e o Rodrigo Maia não perderam a boca livre. O Dória até posou de presidente. Esse é um cara de pau. Aposto que na adolescência ele não tinha espinha, tinha cupim.
Enquanto isso, os universitárioscomunossindicalistas devem estar preparando suas manifestações para hoje. Tomara que chova bastante e ninguém vá. E, se alguém for, espero que a imprensa não mostre nada. O Jornal Nacional de ontem nem tocou no assunto. Bom começo.
Eu cheguei a ligar para o Weintraub para cancelar o contingenciamento. Mas o pessoal ficou falando no meu ouvido que eu não podia ceder à pressão, então eu cedi à pressão do pessoal e cancelei o cancelamento do contingenciamento. Ou será que o certo é dizer que eu contingenciei o cancelamento do contingenciamento? Ah, sei lá, pô!
O que eu sei é que o pessoal não ia cancelar as manifestações. Aí eu ia parecer duas vezes fraco: porque desisti dos cortes e por causa da balbúrdia nas ruas. Então deixei tudo do jeito que estava.
Olha, Diário, eu vou é relaxar. Estou aqui com meu chapéu, vendo um filme bacana no avião e daqui a pouco vou ganhar um prêmio.
O ministro da Educação é que vai ter que dar entrevistas e se explicar na Câmara. Ele é que weintraub pelo cano, kkkkk!
*José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.
