Militância do PSB contra o impeachment entrega carta aberta e abaixo-assinado a dirigentes na sede do partido em Brasília

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Toni Sechi – Secretário Nacional da Juventude do PSB recebe o abaixo assinado

Militantes do PSB foram a sede nacional do partido na tarde de ontem  (15) e entregaram  uma petição pública com mais de 800 assinaturas de militantes contrários ao pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. A posição contraria a decisão da executiva nacional do Partido Socialista Brasileiro, presidido por Cássio Siqueira, que se posicionou favorável ao afastamento da presidenta e se mostrou disposto a fazer coalizão com o vice Michel Temer, caso Dilma seja derrubada. Já nas eleições de 2014, Siqueira arregimentou apoio de lideranças do partido para Aécio Neves.

Pela democracia
No site do PSB há um rico histórico sobre os objetivos do PSB definidos em sua refundação, em 1987. Vale a pena ler:

“No Primeiro Congresso Nacional, em Outubro de 1987, o PSB passa a ter identidade. É oposição ao governo Sarney, tem 10 metas imediatas que vão da reforma agrária à socialização dos setores essenciais, do ensino público e gratuito em todos os níveis ao direito irrestrito de greve, liberdade sindical e jornada máxima de 40 horas semanais.
Definem: “Que socialismo queremos”:
“Socialismo é sinônimo de uma sociedade que aboliu a propriedade privada capitalista dos meios de produção, os quais passam a ser propriedade cooperativas ou coletivas dos criadores das riquezas, os trabalhadores”.
Apresentam: “ Que partido queremos”:
“É socialista, com compromisso revolucionário e democrático, com filiado militante, sem lideranças privilegiadas, enraizado no movimento social e sindical e atuação parlamentar como consequência da organização dos trabalhadores e todo o povo.”
Em o “PSB e o movimento social” tornam-se princípios:
“Respeito à independência e autonomia e às decisões de congressos das categorias. Formação de colegiados de deliberação. Recusa da prática do paralelismo. Estímulo à solidariedade entre os movimentos sociais”

A pergunta é: onde está o PSB de 1987?
A bancada de deputados federais do PSB possui hoje 31 deputados. Desses, 4 declararam-se contrários ao afastamento da presidenta. Por isso, a militância do partido lançou no Facebook a página “Militância do PSB Contra o Golpe” (facebook.com/militanciapsbnaovaitergolpe) que já em seu primeiro dia, sem patrocínio, alcançou mais de 40 mil pessoas e obteve mais de 2 mil curtidas. A ideia é colher apoios da militância do PSB indignada com a executiva do partido, que deliberou posição favorável ao golpe, sem consultar seus filiados.
A jovem Fernanda Rosas, que realizou a entrega das assinaturas e da carta aberta junto com outros militantes do partido, declarou “que essa ação também pode dar maior liberdade aos deputados que ainda não se declararam contra o impeachment.”
Segundo ela, é inadmissível que um partido político que possui uma história de luta e posicionamentos fortes, aceite o Golpe e critica os dirigentes do PSB: “diretrizes do partido, precisam de congresso.” Comentando a deliberação da executiva sem consultar os filiados.

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Quadro de Miguel Arraes, maior líder da história do PSB na sede nacional do partido.

O momento da entrega
Com a ausência do presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, os militantes foram recebidos por Mari Trindade, secretária especial do PSB e Toni Sechi, secretário nacional de juventude. Érico Grassi, um dos militantes presentes na entrega, foi bastante incisivo em sua fala: “ainda é tempo rever os posicionamentos e nada é mais caro para nós do que a democracia”
Mari Trindade foi indiferente ao recebimento dos documentos e quando questionada pelos Jornalistas Livres sobre a deliberação da executiva do partido, que contaria a legitimidade do estatuto do PSB, que no artigo 18 informa que, diretrizes partidárias devem ser deliberadas em congresso, ou seja, de forma democrática e com a decisão conjunta de filiados, a secretária disse que não ia dar entrevistas. Insistimos e perguntamos qual seria o próximo passo? Ela respondeu: hoje é sexta!Amanhã, eu vou viajar. Outros dirigentes também não estarão no DF.

Se estivesse vivo, Miguel Arraes, referência política e de vida, líder do partido, que construiu forte oposição entre 90 e 92, ao governo Collor, ficaria tão indignado quanto a militância do PSB contra o Golpe. Arraes certamente não apoiaria o posicionamento do partido que era reconhecido como guardião da Constituição.

COMENTÁRIOS

2 respostas

  1. Saiam da militância em peso! Eles que busquem militantes à altura do golpismo deles. Parabéns Militantes do PSB, por serem firmes em seus propósitos de Democracia, e por seguirem Miguel Arraes que, como bem diz o texto, referência de vida.

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