Manifesto de adeus: Ciro delira, diz que querem calar sua voz

Em Manifesto, Ciro culpa a imprensa por seu fracasso, diz que o eleitor não sabe escolher, que Lula é decadente e Bolsonaro, sua cria maligna
Ciro em pronunciamento nesta segunda (26) - Foto: Ronaldo Silva/PhotoPress / Estadão
Ciro em pronunciamento nesta segunda (26) - Foto: Ronaldo Silva/PhotoPress / Estadão

Decididamente, Ciro Gomes não vai para Paris este ano. O candidato do PDT preferiu antecipar sua fuga antes do primeiro turno com um “Manifesto à Nação”, lido hoje (26/09) às 10h10 em São Paulo. Embora rodeado de apoiadores que gritaram “Ciro não desiste, Brasil resiste”, sua fala é a forma mais eloquente de admitir a derrota. Em dez minutos de fala, jogou a toalha do alto dos seus 7 ou 8 pontos – o máximo que conseguiu nesta campanha, muito aquém dos 12,47% recebidos em 2018. Girou sua metralhadora culpando “a inteligência”, “a imprensa” pelo próprio fracasso. Disse sentir-se “vítima de uma virulenta campanha nacional e internacional”, que quer forçá-lo a retirar sua candidatura – o que ele não fará.

Por Patrícia Zaidan e Emanuela Godoy

Mais uma vez, com seu jeito prepotente e arrogante de olhar a vida e a política, desqualificou os eleitores, acusando-os de não saber fazer escolhas – se as escolhas não o incluem. “A legítima vontade popular está sendo tremendamente violada”, queixou-se. No auge do devaneio, discursou sobre uma tentativa de calarem a sua voz. Afirmou que Bolsonaro (PL) é a cria maligna de Lula (PT), a quem considera decadente, e que o petista não existiria sem Bolsonaro. Nas entrelinhas, Ciro avisa que perdeu, que a casa caiu, mas não consegue produz nenhum tipo de autocrítica preferindo terceirizar seu baixo desempenho, sem condição de perceber o momento e a gravidade da crise que afoga o povo brasileiro.

Veja as frases desconectadas da realidade contidas no manifesto de adeus:

  • Delírio 1 do Ciro: “Nada deterá a minha disposição de seguir em frente para empunhar a bandeira do novo projeto nacional de desenvolvimento e também a denunciar os corruptos farsantes e demagogos que tentam ludibriar a fé popular com a sua promessas. Hoje a máscara desta farsa cobre duas faces (a de Lula e Bolsonaro), que mesmo possuindo certos conteúdos e contornos diferentes, trazem de forma profunda a matriz histórica dos erros que atrasam nosso Brasil e escravizam nosso povo.”
  • Delírio 2 do Ciro: “É a matriz escrava de um modo corrupto de governar e de um modelo econômico submisso aos interesses do mercado financeiro que unem Lula e Bolsonaro. Bolsonaro não existiria se não fosse a grave crise econômica e moral dos governos petistas. E lula não sobreviveria em sua ameaçadora decadência se não fossem os desatinos criminosos de Bolsonaro.”
  • Delírio 3 do Ciro: “As máquinas poderosas do lulismo e do bolsonarismo estão conseguindo ludibriar a percepção popular, passando a falsa ideia de que apenas um pode derrotar o outro. (…) Reduziram o debate a um choque vazio e oportunista entre um suposto bem e um suposto mal. Enquanto produzem a campanha mais sem proposta e mais sem projetos da nossa história recente.”
  • Delírio 4 do Ciro: “Lula continua a repetir que colocou os pobres no orçamento, quando na verdade os contentou com migalhas, deixando-os onde sempre estiveram, na escravidão da pobreza. Bolsonaro, sua cria maligna, seguiu parte dessa cartilha, aliando-se ao centrão e rendendo-se a corrupção e ao clientelismo.”
  • Delírio 5 do Ciro: “(…) conteúdos políticos e econômicos profundos mais os aproximam do que separam (sobre Lula e Bolsonaro)”.
  • Delírio 6 do Ciro: “Por isso o Brasil está na iminência de sofrer a maior fraude eleitoral de nossa história, não a mentirosa fraude das urnas eletrônicas inventada por Bolsonaro, mas a fraude do estelionato eleitoral que sofrerão as vítimas que apertarem, nas urnas invioláveis, o 13 ou o 22. (…) a legítima vontade popular está sendo tremendamente violada.”
  • Delírio 7 do Ciro: “(…) na reta final da campanha mais vazia da história, embalam tudo no falso argumento do voto útil. Com essa pregação querem eliminar a liberdade das pessoas de votarem.”
  •  Delírio 8 do Ciro: “Querem calar as vozes da dissidência e submetê-las ao regime do medo e do terror velado a dois blocos rivais que se escondem no maniqueísmo e no personalismo, para disfarçar as profundas e definitivas semelhanças de suas candidaturas. Por mais jogo sujo que pratiquem eles não me intimidarão. (…) Minha candidatura está de pé. Com rebeldia e esperança ainda podemos juntos salvar a nossa pátria.”

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