Nesta quinta (22), o Datafolha mostrou Lula com 14 pontos de vantagem de Bolsonaro, que é o segundo colocado. Em comparação a última pesquisa, Lula cresceu 2 pontos, agora com 47% de intenção de voto, enquanto o atual presidente se manteve nos 33%. Nesse cenário, o petista apresenta chances reais de vencer em primeiro turno. Desesperado com o resultado das pesquisas, Bolsonaro, que manteve o preço do gás alto durante todo o governo, vem barateando a matéria-prima para distribuidoras. Há 9 dias do primeiro turno, o preço do gás caiu nesta sexta (23).
A diminuição do preço do gás está sendo arquitetada desde o início do período eleitoral. Em maio, o presidente já havia dito a aliados que queria preços de combustível e de gás congelados até a eleição. No mesmo mês, Bolsonaro trocou o presidente da Petrobrás, colocando o Caio Paes de Andrade que era o secretário do Ministério da Economia. É com o seu comando que a petroleira conduz, em calendário eleitoral, a queda dos preços do gás.
Apenas na gasolina que vem das refinarias nacionais foram anunciadas quatro quedas de preços do gás desde 28 de junho e novas reduções são ainda esperadas. Nesta sexta (23), o preço médio cobrado das distribuidoras pela estatal passou de R$4,0265 por quilo para R$ 3,7842/kg. Já é a segunda baixa de preço neste mês. A redução foi de 6%.
Mesmo com o reajuste, entretanto, o preço para o consumidor continua alto. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) não enxerga a redução do gás para as distribuidores chegando ao consumidor. O preço médio no Brasil, na verdade, subiu de R$ 111,91, entre os dias 4 e 10 de setembro, para R$ 113,25,entre 11 e 17 deste mês.
Bolsonaro, se não abaixou o preço do gás antes, por que agora?
Como presidente, Bolsonaro tinha poder durante esses 4 anos de mandato de contornar o alto preço do gás. Poderia ter 1) mexido na carga tributária dos produtos derivados do petróleo 2) criado programas de tarifa social para os mais pobres – um vale gás ampliado e maior.
Além disso, Bolsonaro poderia ter criado um fundo que levasse a diminuir o preço do petróleo, fazendo com que as grandes variações da commoditie não atingissem tanto o consumidor. Essa proposta chegou a ser discutida pelo Congresso no Senado, mas Bolsonaro foi contra.
Para a Federação Única dos Petroleiros, o governo Bolsonaro é responsável pelo aumento gradativo do preço do gás nos últimos anos. Tudo começou, entretanto, em 2016, quando, após o golpe, Michel Temer implementou o Preço de Paridade de Importação (PPI). Com essa medida, o petróleo nacional passou a ser vendido ao mesmo preço da sua importação. Assim, é inevitável o encarecimento do petróleo e do gás, uma vez que as suas vendas passaram a estar atreladas ao Dóllar.
Em seu governo, Bolsonaro manteve o PPI e deu continuidade ao desmonte da produção nacional. Em vez de fazer mais refinarias de petróleo, como estava sendo feito no governo Lula, Bolsonaro está vendendo cada vez mais refinarias. O Brasil, que já é um país autossuficiente em produção de petróleo e seus derivados, está aumentando gradativamente a importação desses produtos, que são mais caros no exterior. Simultaneamente, a Petrobrás vem batendo vários recordes de lucros. No primeiro trimestre de 2022, a petroleira atingiu lucro líquido R$ 44,5 bilhões. Em comparação ao trimestre passado, o crescimento foi de 41,4%.
Enquanto a petroleira e os seus acionistas estão vivenciando esse “super lucro”, quem paga a conta é o povo. No governo Bolsonaro, a gasolina, na refinaria, subiu 118,4%, o diesel, 165,9%, e o gás de cozinha, 109,3%, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/subseção FUP). Já o salário mínimo mantém o pior valor da história, seu reajuste foi de apenas 21,4%, por outro lado inflação medida pelo IPCA acumulou 25,3%.
Em nota, o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, comentou queda no preço do gás de cozinha:
“Pressionada pelo calendário eleitoral, a gestão da Petrobrás virou instrumento de campanha política às vésperas das eleições, passando a reduzir o intervalo de rebaixamento dos preços dos combustíveis. A queda no preço do gás de cozinha, anunciada nesta segunda-feira, 12, segue essa mesma estratégia.
A vinte dias do pleito, o governo corre atrás do prejuízo depois de três anos e oito meses de altas recordes nos preços dos derivados, reajustados com base na equivocada política de preço de paridade de importação (PPI). Somente no gás de cozinha, a alta de preço nas refinarias foi de 119,1% ao longo do período Bolsonaro, levando a camada mais pobre da população a lançar mão de lenha para cozinhar, enfrentando graves riscos de acidentes. Enquanto isso, o salário mínimo, sem aumento real, teve reajuste de apenas 21,4% no atual governo.”