Grupos de garimpeiros ilegais são responsáveis por disseminar montagens e notícias falsas sobre o candidato a presidência Luíz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto tecem comentários positivos à candidatura de Bolsonaro (PL). Em mensagens trocadas em aplicativos de mensagem, como o WhatsApp e Facebook, informações sobre um falso acordo entre o petista e banqueiros para acabar com o Pix é divulgada, além de vídeos mentirosos com falas de Lula acompanhada por frases como “meus amigos garimpeiros, não votem no PT”. Os grupos reúnem garimpeiros das Terras Indígenas Yanomami (RR), Kayapó (PA) e Munduruku (PA).
Em meio a publicações de divulgação de prostituição e venda irregular de celulares via satélite, os garimpeiros compartilham uma montagem de Lula, no debate presidencial da Globo, com uma tornozeleira eletrônica. A imagem vem acompanhada da legenda “Isso a Globo não mostra”. Além disso, uma notícia adulterada do G1 coloca que “Banqueiros definem apoio a Lula em troca de revogação do Pix”. Internautas também associam a imagem do petista com a “ameaça comunista”. “A culpa é do povo que vota nessa esquerda comunista maldita, demagoga, opressora, populista, hipócrita, totalitária, socialista, do ‘fomiséria’”, coloca um comentário realizado no Facebook.
Desde o início de seu governo, Jair Bolsonaro apoiou o garimpo ilegal em Terras Indígenas, chegando até a ser o primeiro presidente da república a visitar uma área invadida por garimpeiros. Com medidas de desmonte com relação ao Ministério do Meio Ambiente e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), o atual governante já foi responsável por falas como esta: “Eu tenho vontade de garimpar. Eu já garimpei também. Eu tinha um jogo de peneira, tinha uma bateia, sempre estava no meu carro e não podia ver um córrego que caia de boca lá“. Durante seus 4 anos no poder, houve um aumento de 334% na área de mineração destinada ao garimpo de ouro e estanho nas terras dos Munduruku (PA) – uma das mais afetadas por essa prática ilegal.
Enquanto isso, Lula apresenta uma posição contrária a adotada por Bolsonaro. “Vamos colocar no programa uma coisa muito séria na questão ambiental. Estou convencido de que é preciso que se abra espaço para que os povos originários decidam um pouco sobre sua própria vida, que decidam como evitar o garimpo ilegal”, disse o candidato em um encontro com povos indígenas em Manaus, Amazonas. Uma das propostas de seu governo é a criação de um Ministério dos Povos Originários, afim de garantir representatividade e assumir um compromisso sério com o combate aos garimpeiros ilegais em Terras Indígenas.