Lula, de novo nos braços do povo, encontra o MST e ouve reivindicações

Lula e sem-terrinha: por um futuro melhor para o Brasil - Foto: Marlene Bergamo
Lula e sem-terrinha: por um futuro melhor para o Brasil - Foto: Marlene Bergamo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou-se neste sábado (19 de março) com cerca de 5.000 trabalhadores sem terra e camponeses no assentamento Eli Vive, situado em Londrina, norte do Paraná. Ele foi recebido pelos militantes do MST com palavras de ordem de apoio, cantos, abraços e selfies, mas coube ao principal dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedro Stédile, as cobranças mais sérias ao candidato Lula, que disputará as eleições presidenciais deste ano com Jair Bolsonaro.

Por Laura Capriglione, dos Jornalistas Livres, com fotos de Marlene Bergamo

Stédile exigiu de Lula a reforma agrária popular, educação nos assentamentos, e uma política pública voltada ao fortalecimento da agroecologia e à produção de alimentos saudáveis pela agricultura familiar. Mas dispôs-se desde já a apoiar Lula contra Bolsonaro e, inclusive, propôs a constituição de Comitês Populares para organizar o povo e levantar as principais reivindicações a serem levadas ao candidato petista.

A escolha do assentamento “Eli Vive”, para recepcionar Lula em seu primeiro grande evento de massas desde o início da pandemia não foi casual. Foi Lula quem, em 2009, regularizou a posse da terra de 7.500 hectares por 501 famílias (cerca de 3 mil pessoas), que haviam passado 5 anos acampadas debaixo de lonas pretas. Hoje, o acampamento Eli Vive, cujo nome homenageia o líder sem terra Eli Dallemole, assassinado aos 42 anos em março de 2008, é uma espécie de jóia da luta pela reforma agrária, seja pela sua produtividade quanto pelo fato de ser o maior assentamento em região metropolitana do Brasil.

Lula e Stédile visitam exposição da produção do assentamento Eli Vive: alimentos saudáveis Foto: Marlene Bergamo
Lula e Stédile conferem produção de alimentos saudáveis do MST – Foto Marlene Bergamo

Em seu discurso, Lula agradeceu emocionado todo o apoio que recebeu do MST durante os 584 dias em que permaneceu preso em Curitiba, por força da farsa jurídica da Lava-Jato, comandada pelo ex-juiz Sergio Moro. O MST foi uma das principais organizações que sustentaram o acampamento Lula Livre defronte à sede da Polícia Federal, exigindo a libertação do ex-presidente. Lula, com a voz embargada, agradeceu a lealdade de Stédile, mesmo quando os dois líderes divergiram sobre a condução da questão agrária durante os governos do PT. Nesse período o agronegócio latifundiário ocupou lugar de destaque entre os interlocutores de Lula e Dilma.

O povo do MST assistiu a todo o discurso de Lula de uma forma muito distinta da militância partidária tradicional: em vez de apenas aplaudir, várias vezes eles aparteavam Lula, complementando sua fala ou pedindo mais informações, dialogando com o ex-presidente.

Além de Lula e dos dirigentes nacionais do MST João Pedro Stédile e João Paulo Rodrigues, estiveram presentes ao ato a presidenta nacional do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann e Roberto Requião, ex-MDB, que acaba de se filiar ao PT para disputar o governo do Paraná. Também marcaram presença Bela Gil, defensora da alimentação saudável em seus programas de TV, e o ex-banqueiro de investimentos Eduardo Moreira, a quem coube organizar o Finapop, Programa de Financiamento Popular da Agricultura Familiar para Produção de Alimentos Saudáveis, que conseguiu captar R$ 17,5 milhões na Bolsa de Valores para beneficiar sete cooperativas ligadas ao MST e mais de 13 mil famílias assentadas.

MST e a agroecologia

Sandra Ferrer, dirigente do MST e uma das principais lideranças do assentamento Eli Vive afirma, toda orgulhosa, que os camponeses que receberam a terra em 2009 querem mostrar a Lula a importância da reforma agrária para a produção de alimentos saudáveis, livres de transgênicos e agrotóxicos:

“Em pouquíssimo tempo, 13 anos, desde que ocupamos a terra, já somos capazes de entregar 10 toneladas por semana de alimentos ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), chegando a mais de 100 escolas de Londrina e região. Na última safra, nossa cooperativa comercializou 15 mil sacas de milho, 10 mil de soja e 10 mil sacas de feijão preto e carioquinha. Também entregamos 15 toneladas de alimentos na Central de Abastecimento (Ceasa) toda semana, além de comercializarmos 80 mil litros de leite por mês. Por fim, estamos construindo uma agroindústria para beneficiamento do milho crioulo (como aquele que nossos pais e avós usavam, sem sementes transgênicas), e produção de fubá, quirerinha e ração, além do empacotamento do feijão.”

O encontro do MST com Lula gerou uma ação de solidariedade com o povo pobre do Paraná, já que cada participante da atividade foi convidado a contribuir com a doação de alimentos para serem partilhados em bairros periféricos de Londrina. Mais de 100 toneladas de legumes, grãos, pães, frutas, queijos e leite produzidos pelas famílias Sem Terra foram arrecadados. A partilha das cestas ocorrerá entre hoje e amanhã (20 e 21 de março).

Veja abaixo cenas do encontro de Lula com o MST, captadas pelas lentes de Marlene Bergamo

Mais informações sobre o MST nos Jornalistas Livres, vc encontra AQUI

COMENTÁRIOS

2 respostas

  1. Me desculpem mas eu não acredito, e nem voto nunca mais no Lula

    1. Lula é o único com chances de derrotar Bolsonaro! E isso, hoje em dia, é a coisa mais importante no Brasil

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