O Presidente Lula fez a primeira viagem ao norte do país para constatar uma tragédia, um etnocídio. Acompanhado dos ministros dos Povos Originários, Sonia Guajajara, da saúde, Nísia Trindade, do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, Lula esteve em Boa Vista, capital de Roraima, para conhecer a real situação do povo Yanomami, que sofre com a política genocida praticada durante o governo de Jair Bolsonaro.
Por Flávia Rocha-Mello @flaviarmello
A ministra dos Povos Originários, Sonia Guajajara, assim definiu a missão em Roraima: “Nós viemos aqui nessa comitiva para constatar essa situação e também tomar todas as medidas cabíveis para a gente resolver esse problema. Precisamos responsabilizar a gestão anterior por ter permitido que essa situação se agravasse ao ponto de chegar aqui e a gente encontrar adultos com peso de criança e crianças numa situação de pele e osso”.
Nos últimos 4 anos, os mais de 30 mil indígenas Yanomami que vivem em Roraima foram abandonados pelo poder público e viram suas terras serem invadidas por garimpeiros ilegais. A fome e a malária assolaram a região, matando 570 crianças menores de 5 anos durante o governo de Bolsonaro, um crescimento de quase 30%, em relação aos quatro anos anteriores.
Para o Ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, “as mortes de fome de muitos indígenas no país que é o quarto maior produtor de alimentos do mundo é uma vergonha e, pelos depoimentos, um crime grave.”
Veja as fotos que mostram a extensão do desamparo dos Yanomami:
As equipes e líderes indígenas e autoridades de Roraima disseram que ainda não se sabe ao certo quantas pessoas morreram nos últimos anos por responsabilidade federal, depois de o governo ter permitido a invasão da Terra Indígena pelo garimpo ilegal, que envenena com mercúrio as águas dos rios e destroi a cobertura florestal da região, além de cometer crimes de toda espécie contra a população indígena, em especial o estupro de mulheres e crianças. Fora isso, a inação do governo Bolsonaro na proteção aos Yanomami ainda transformou o território em um paraíso sem lei para facções criminosas.
Lula visitou o hospital e a Casa de Apoio à Saúde Indígena e prometeu organizar a rede logística para o transporte de suprimentos e de pessoas entre as aldeias e a cidade, como a melhoria de pistas de pouso de aeronaves em regiões mais próximas às comunidades. Somente hoje já foram entregues 5 mil cestas de alimentos. Nos próximos dias um hospital de campanha será montado. Profissionais da Força Nacional do SUS começam a chegar a Roraima na segunda-feira para oferecer atendimento multidisciplinar. Na última sexta-feira o Ministério da Saúde decretou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional no território indígena Yanomami.
Muito emocionado, o presidente disse que o atual governo vai tratar os indígenas como seres humanos, e completou: “Se alguém me contasse que aqui em Roraima tinham pessoas sendo tratadas da forma desumana como o povo yanomami é tratado aqui, eu não acreditaria”, disse. “Nós vamos tratar os nossos indígenas como seres humanos, responsáveis por parte daquilo que nós somos.”
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