Lucimar leva nome do MST para circuito da alta gastronomia a partir de seu território

Crédito: Emily Firmino

Lucimar Souza é uma assentada da Reforma Agrária do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no estado de São Paulo. Hoje, a agricultora e Chef de cozinha tem ocupado um espaço inédito nos circuitos da alta gastronomia brasileira. Para Lucimar tem sido uma descoberta muito emocionante. Uma coisa já esperada: o MST já discute gastronomia o tempo todo.

“Ah, esse ano, a fruta deu mais doce.. a gente vê o feijão e o feijão ficou mais miúdo…”.

Nas palavras dela, dá hora que se acorda à hora que vai dormir, a vida do trabalhador e da trabalhadora rural é falar de comida. “Pra mim é um chamado , um dom de ser agricultor”.

Hoje o Restaurante Pesqueiro SanMurai, localizado no lote 99 do assentamento 2 Irmãos, abriga a Chef anfitriã de uma região com mais de 89 municípios no programa Rota Gastronômica da Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo.

Lucimar é de Chapadão do Céu e sua família, em Goiás, também é assentada da Reforma Agrária. Ela mora há 19 anos no assentamento em Murutinga do Sul, região de Andradina. “Meu pai sempre quis ser agricultor e das minhas outras 6 irmãs só eu quis ser agricultora. O tal chamado que eu falei”, revela a Sem Terra.Sua trajetória em São Paulo começou no Acampamento 2 Irmãos.

“Ninguém escolhe morar na beira da estrada, a gente vai pra lá por causa da miséria”, se emociona Lucimar.Hoje com o assentamento consolidado, as famílias vivem o desafio de diversificar a geração de renda com o projeto Rota Rural Caminhos do Moinho, do qual o restaurante Pesqueiro SanMurai faz parte.

Pela Revista Prazeres da Mesa, a única Chef da alta gastronomia que vem de um acampamento, viveu abaixo da linha da miséria e é uma Chef com um restaurante num assentamento da Reforma Agrária é Lucimar Souza. Nesta madrugada de sábado, Lucimar Souza concluiu o mise en place do Festival da Reforma Agrária, antes de sair às 5h para um evento gastronômico e voltar a tarde para sua barraca na Feira que acompanha o Festival. 

Ela cita grandes mestres, como a professora de Turismo Gabriela Greco e um trabalho de muitas pessoas. “Sou um trabalho do Movimento Sem Terra, que me deu a terra, da minha família, de Deus, do aprendizado rural, muitas pessoas…”, revela a Chef.

Até chegar em seus produtos comercializados e seus pratos, Lucimara pratica uma agricultura natural, com uma série de itens da cultura caipira e camponesa, como cachaças, torresmo, linguiça colonial, queijo e requeijão, mel, doces, geleias, molhos e conservas, além de fitoterápicos e mudas.“O que mais me despertou é que você planta, você conhece o que está produzindo.

Ai gente! É tão gostosa nossa fruta, aí colocar num pote pra levar o sabor da minha casa. Quando você come ali você está comendo o sabor da minha casa”, conta.Ao pensar o Brasil, a Chef aponta o futuro de esperança e comida na mesa: “Graças a deus conseguimos vencer essa eleição. Estava em jogo muita coisa e precisávamos combater o fascismo e o extremismo. Ainda teremos um longo caminho pela frente!”, conclui.

Texto da Comunicação do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais sem Terra, original: mst.org.br

Edição: Leonardo Koury Martins

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