Limeriques são poemas de quatro ou cinco versos, conforme disposição gráfica (o terceiro verso pode se desdobrar em dois). Embora de origem incerta, eles são geralmente vinculados à língua inglesa e ao escritor, pintor e caricaturista inglês Edward Lear (1812-1888), considerado, junto com Lewis Carroll, um dos pais da literatura nonsense vitoriana.
As traduções aqui apresentadas integrarão uma nova antologia de textos em prosa e verso organizada e traduzida por Dirce Waltrick do Amarante*, que já publicou duas coletâneas em prosa e verso do escritor inglês. Edward Lear escrevia e ilustrava a sua obra.
Qualquer semelhança com o Brasil é mera consciência ou liberdade criativa da tradutora.
*****
Havia uma velha de Cascaes
Que disse: “Nem sair posso mais”.
Falaram: “Tá liberada”, mas ela ficou parada,
Essa vexatória de Cascaes.

There was an old person of Loo
Who said, “What on earth shall I do?”
When they said, “Go away!” she continued to stay,
That vexatious old person of Loo.
*****
Havia um véio do Planalto Central
que a cada dia ficava mais rude e mau,
Até que, finalmente, acertaram o pau no demente,
Pondo fim ao véio do Planalto Central.

There was an Old Person of Buda,
Whose conduct grew ruder and ruder,
Till at last with a hammer
They silenced his clamour,
By smashing that Person of Buda.
*****
Havia um véio na Capital Federal,
Incompetente, inescrupuloso e mau;
Numa cerca trepou e a cabeça tapou,
Esse ilusório da Capital Federal.

There was an old person of Woking,
Whose mind was perverse and provoking;
He sate on a rail, with his head in a pail,
That illusive old person of Woking.
*****
Havia uma velha de São Vicente,
Que foi infectada pelo Presidente;
Mas acusou a multidão e atacou um cidadão,
Essa impulsiva de São Vicente.

There was an old person of Stroud,
Who was horribly jammed in a crowd;
Some she slew with a kick,
Some she scrunched with a stick,
That impulsive old person of Stroud.
*****
Havia um véio de Santa Comba Dão
Cujas filhas usavam máscaras salmão
E pescavam peixes à beça, que punham numa travessa
E enviavam pro pai em Santa Comba Dão.

There was an Old Man of Marseilles,
Whose daughters wore bottle-green veils;
They caught several fish,
Which they put in a dish,
And sent to their Pa at Marseilles.
*****
Havia um véio de Fraga,
Atingido por uma praga;
Deram-lhe um doce manjar e fizeram-no rosnar,
Curando o véio de Fraga.

There was an Old Person of Prague,
Who was suddenly seized with the plague;
But they gave him some butter,
Which caused him to mutter,
And cured that Old Person of Prague.
*Dirce Waltrick do Amarante é ensaísta, escritora e tradutora. Organizou, entre outros as seguintes antologias de textos em prosa e verso de Edward Lear: Viagem numa peneira e Conversando com varejeiras azuis, ambos publicados pela editora Iluminuras