#JustiçaporMariFerrer e por todas nós

Foto-reportagem por Maxwell Vilela e Agatha Azevedo

Em meio à maior pandemia vista na história recente da humanidade, as mulheres de Belo Horizonte se organizaram para, neste sábado, dia 07 de novembro, ocupar as ruas com seus corpos e lutas que reivindicam que a justiça seja cumprida tal qual mandam as leis, e que o estuprador André de Camargo Aranha, defendido pelo advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, seja condenado pelo crime bárbaro que cometeu contra a influencer Mariana Ferrer.

Em uma audiência espetacularizada, o judiciário mais uma vez demonstrou que a justiça brasileira tem gênero, assim como também tem raça e classe social, ao diminuir o crime cometido por conta do status social do criminoso, e criar uma categoria sem precedentes no Brasil, nomeando a ação como “estupro culposo”, supostamente sem a intenção de cometê-lo. Ou seria sem a intenção de condenar o violador?

Segundo o 13ª Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em 2019, só em 2018 foram 66 mil vítimas do crime de estupro no país, número recorde desde que o índice começou a ser realizado, em 2007. A maior parte das vítimas sofre em suas casas, e 53,8% tem até 13 anos de idade. São mais de 180 estupros por dia no Brasil. Nossa herança patriarcal, colonial, misógina e racista mais uma vez mostra que o estupro é um problema estrutural.

Casos de estupro que passam impunes são comuns no Brasil. Condenado pela justiça italiana por estupro, o jogador de futebol Robinho segue impune no Brasil, e tido como ídolo nacional, e seu contrato com o time de futebol Santos só foi rompido pela pressão social. Em 1987, Cuca e ex-jogadores do Grêmio foram condenados na Suíça pelo estupro coletivo de uma menina de 13 anos. Os criminosos seguem impunes e tidos como ídolos. Condenado pelo assassinato de Eliza Samúdio, o goleiro Bruno Fernandes de Souza já tinha proposta de contratos no ramo futebolístico antes mesmo de sair da cadeia. Afinal, aparentemente, a vida das mulheres não importa, né?

Ainda que Mariana Ferrer, a vítima do crime que terminou com penalização irrisória, tenha uma visibilidade midiática elevada e a capacidade psicológica e financeira de denunciar e enfrentar as consequências sociais e judiciais de fazê-lo, o advogado do processo culpabilizou a vítima pelo crime. Mesmo com provas irrefutáveis de que o crime tinha acontecido e o culpado era André, alegando falta de provas, a justiça preferiu suavizar a condenação, já que ele é homem, branco e empresário.

Até quando ‘homens de bem’ se sentirão donos dos corpos de mulheres? Até quando a justiça irá compactuar com isso?

Confira o registro de Maxwell Vilela do mar de bandeiras roxas que ocupou a capital mineira:

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