AGU pede banimento de Wallace do vôlei por postar enquete sobre tiro em Lula

Comitê Olímpico do Brasil suspendeu o atleta bolsonarista. Ele não poderá jogar em qualquer campeonato organizado pela entidade e ou treinar com a Seleção Brasileira
O bolsonarista Wallace Leandro postou enquete em seu Instagram - Reprodução

Quanto mais os mineiros e mineiras rezam, mais assombrações aparecem, como dizem nos sertões de Minas. Agora, a assombração aparece travestida na figura sinistra do jogador de vôlei Wallace de Souza, do Sada/Cruzeiro, de Belo Horizonte. O bolsonarista da Seleção Brasileira apoiou um possível assassinato do presidente Lula. Em seu perfil do Instagram, ele reproduz pergunta de um seguidor em forma de enquete para seus seguidores, logo depois dele mesmo postar uma foto em que empunha um revólver calibre 12. Numa delas ele pergunta: “Daria um tiro na cara do Lula com essa 12?”. Wallace mesmo responde: “Alguém faria isso”, junto com um emoji de anjinho.

Após a repercussão do caso, o clube decidiu suspender o jogador por tempo indeterminado. A Advocacia-Geral da União (AGU) já foi acionada pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, para tomar providências sobre a postagem do jogador. “Vamos tomar todas as providências necessárias. Não vamos tolerar ameaças”, escreveu Pimenta em sua rede social. Wallace apagou a postagem pouco tempo depois de publicada, mas há registros do post nas redes sociais.

A AGU solicitou nesta quarta-feira, 1º, ao Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e à Confederação Brasileira de Vôlei a instauração de um processo disciplinar contra Wallace e o banimento do atleta do esporte. Além disso, o órgão federal pediu ao COB a aplicação da penalidade máxima: multa no valor de R$ 100 mil, sob o argumento de que a postagem do jogador “não está protegida pelo direito à liberdade de expressão”. A AGU alega também que é dever dos atletas “rejeitar com energia qualquer manifestação violenta oriunda de preferência política, tanto no âmbito esportivo como fora dele”.

O COB já havia encaminhado representação ao Conselho de Ética da entidade após a publicação de Wallace. O COB garantiu que dará andamento a todas etapas do processo por considerar o conteúdo “inaceitável”. A ministra do Esporte, Ana Moser, se manifestou em rede social, quando ressaltou que o atleta deve responder como cidadão independentemente de seu status como esportista. “Antes de atleta, o jogador Wallace é um cidadão brasileiro e deve responder às nossas leis e instituições”, afirmou.

Nessa sexta-feira, 3, o COB suspendeu o jogador Wallace de qualquer campeonato organizado pela entidade ou pela Confederação Brasileira de Vôlei. O jogador não poderá treinar com a Seleção brasileira. Wallace também foi afastado do clube em que atua, o Sada/Cruzeiro.

Desculpas

Com a repercussão do caso, na tarde de hoje o jogador gravou um vídeo se desculpando com os seguintes dizeres: “Quem me conhece sabe que eu jamais incitaria violência em hipótese alguma, principalmente ao nosso Presidente. Então, venho aqui pedir desculpas, foi um post infeliz que eu acabei fazendo. Errei”, disse. Curiosamente, Wallace recebeu, ao longo de dez anos, R$ 308 mil do programa Bolsa Atleta, criado pelo presidente Lula em 2005, de incentivo ao esporte, conforme dados levantados pela Universidade Federal do Paraná. 

O Sada/Cruzeiro postou uma resposta pedindo desculpas e apenas lamentava a besteira cometida por seu jogador. Mais tarde, com a repercussão negativa do caso Wallace foi suspenso pelo clube por tempo indeterminado
Wallace gosta de armas e frequenta clube de tiro – Reprodução Redes sociais

Patrocinador bolsonarista

Sediada em Betim, a Sada é uma empresa que transporta os carros zero quilômetro da montadora Fiat e patrocina o time de vôlei do Cruzeiro. O dono da transportadora é o prefeito de Betim, Vitorio Medioli (Sem partido), proprietário também dos jornais O Tempo e o tabloide Super Notícia, que é o mais vendido no país. Nas vésperas do segundo turno da eleição presidencial, Medioli defendeu a reeleição de Jair Bolsonaro em seu artigo semanal publicado no jornal O Tempo.

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