Artigo de Mauro Baracho debate sobre as pessoas brancas com visibilidade que se preocupam mais com a imagem, e nunca com aqueles que desejam “salvar”, o conceito chamado branco salvador.
O que é o Conceito de Branco Salvador
A imagem do “branco salvador” é bastante recorrente nos filmes de Hollywood onde este suposto altruísta aparece guiando os passos de pessoas negras para fora da vida sofrida. É como se estas pessoas só pudessem obter algum tipo de ascensão social ou conquista através da ajuda de mãos brancas, que no final seriam os mentores intelectuais do progresso destas pessoas negras.
O “branco salvador” é também aquele que pretende “salvar” crianças famintas no continente africano fingindo não haver fome no seu próprio país. Inclusive, crianças negras lotam orfanatos e são as que mais encontram dificuldades de serem adotadas. Este é o problema do branco salvador, preocupar-se em promover mais a sua imagem do que combater o problema dos que eles desejam “salvar”.
O Caso do Entregador Max Ângelo dos Santos
Neste sábado, tivemos a noticia de uma vakinha empreendia pelo apresentador e empresário Luciano Huck e o ator João Vicente. A vakinha tem o objetivo de arrecadar fundos para a compra de uma casa para o entregador Max Ângelo dos Santos, homem negro entregador agredido pela racista Sandra Mathias Correia de Sá, em São Conrado, no Rio de Janeiro.
A atitude é nobre, e, obviamente, ninguém é contra uma pessoa negra ser ajudada num momento tão traumático como este. No entanto, Luciano Huck ajudaria muito mais a Max e a outras pessoas negras, se combatesse a precarização do trabalho imposta pela reforma trabalhista e pela uberização do emprego.
Quem é Max Ângelo?
Vitima da violência, Max Ângelo é um homem negro precarizado pelas políticas liberais apoiadas por Luciano Huck. A ideia do papel dos brancos na luta antirracista nunca foi sobre atitudes caridosas isoladas, mas sim no compromisso da mudança de um sistema que destrói emprego, renda e a vida de pessoas negras diariamente. Eu torço para que Max consiga sua casa, consiga trabalhar de forma digna sem sofrer racismo no expediente de serviço. Mas torço também para que pessoas negras não precisem passar por este trauma para ter acesso a um direito básico.
Mauro Baracho é mineiro, graduado em administração, mestre em antropologia, pesquisador e criador de conteúdo. Desde 2018 trabalha com letramento racial.
Leia mais: João Vicente, Luciano Huck e a cultura do branco salvador
Uma resposta
O pensamento progressista e seus frutos: Uma hora esse sistema se voltará contra você, seja quem for. Nao importa o quanto vc militou pelas minorias,
O quanto vc apoie a “causa”, SEMPRE haverá uma teoria pra te derrubar.
O fim disso? Você ter que se desculpar por qualquer coisa para manter seus contratos.