Jean William é o meu nome

Aos que não me conhecem, muito prazer. Meu nome é Jean William, sou tenor e brasileiro. Desde a infância, que não foi lá muito fácil, tenho paixão pela música. E foi aqui, neste país, que consegui realizar o sonho de estudar, me formar, construir minha carreira e ser reconhecido como músico.

Ser formado em Música pela mais importante universidade pública do país, a USP, me apresentar para o Papa Francisco, quando Sua Santidade esteve no Brasil, Cantar em Mônaco para o Príncipe e subir ao palco do Lincoln Center em Nova Iorque, são algumas das conquistas que me fazem acreditar ter dado o melhor de mim por aquilo que amo fazer.

São realizações que me enchem de orgulho. O mesmo orgulho que senti quando fui convidado para cantar o Hino Nacional na cerimônia de comemoração dos 30 anos da Constituição Federal, realizada ontem (6), no Congresso Nacional, em Brasília.

Como publiquei nas minhas redes sociais, “cantei a plenos pulmões para honrar a jovem Constituição Federal, em nome da Cidadania. Na mesa composta por Presidentes de todos os poderes, Executivo, Legislativo, Judiciário, além do Presidente Eleito, lá estava eu, sendo a cara do Brasil, de brancos, negros, índios, asiáticos, no meu ofício de ARTISTA, honrando o meu país que é institucionalizado no regime de democracia, que nos permite conviver com as divergências com respeito e ordem.”

Após o evento, comecei a receber uma série de questionamentos sobre o porquê de ter sido anunciado como Jean Silva – meu nome completo é Jean William Silva – e não tenho essa resposta.

Sempre fui conhecido e chamado de Jean William: nos festivais dos quais participei no início da carreira; nas turnês pelo Brasil e nas apresentações no exterior; no nome do Anfiteatro Municipal de Barrinha, cidade em que passei a infância e que me fez essa inesquecível homenagem; nas matérias publicadas pela imprensa; no álbum que lancei em 2014; nas minhas redes sociais; em casa; entre amigos…

Notícias na internet atribuíram essa mudança a uma razão política: não desagradar o presidente eleito ao citar meu nome, que se assemelha ao de um de seus desafetos, o deputado Jean Wyllys. As mesmas notícias trazem a versão da assessoria do Senado, que argumentou: a secretária-geral da mesa optou pela praxe de usar o primeiro e o último nome de autoridades e convidados.

Vivemos um momento muito delicado no país e, dadas as devidas ponderações, é também um momento em que prefiro apenas reiterar que o meu nome é Jean William. Muito prazer.

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