As 48 famílias que residem no Seringal do Belmont, localizado a 3KM de Porto Velho, em Rondônia, estão sob ataque de jagunços desde da madrugada do último domingo (18). Segundo testemunhas, seis homens armados invadiram a comunidade e atiraram para intimidar os posseiros. Documentos, celulares e outros itens foram roubados, a casa coletiva foi incendiada e moradores da comunidade torturados durante a invasão.
Segundo a Comissão Pastoral da Terra, os jagunços retiram as famílias de suas casas, separaram os homens e as mulheres em fila e os torturam para identificar quem era o líder da comunidade. As crianças e os animais de estimação foram levados para uma casa coletiva, que mais foi incendiada. As crianças conseguiram ser resgatadas pela comunidade, mas infelizmente a maioria dos animais morreram carbonizados – apenas um cachorro foi recuperado e está sob cuidados de uma organização de proteção a animais, Anamnese Consulta.
De acordo os moradores do território, na segunda (19) a comunidade ainda estava cercada pelo fazendeiro que reivindica a terra e seus jagunços. Os posseiros ainda não retornaram para as suas casas. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), órgão responsável por fazer projetos de colonização e uso da terra em regiões de disputa, informou que não foi notificado a respeito do conflito. O governo do estado de Rondônia também não se pronunciou oficialmente sobre o ocorrido.
O Brasil enfrenta um problema histórico de concentração de terras. Segundo a OXFAM, uma organização da sociedade civil brasileira sem fins lucrativas, quase metade da área rural brasileira está concentrada nas mãos de poucos proprietários, que não somam nem 1%. Invasões de terras indígenas, quilombolas e pequenos produtores rurais já deixaram 28 mortos na região da Amazônia Legal em 2021, que concentra 80% das mortos em conflitos por terras do Brasil.