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Advogado negro é espancado por policiais militares na frente de sua mãe idosa, em Nazaré das Farinhas - Bahia,
crédito: instagram https://www.instagram.com/alexsandrosouza.adv/

 por Tacio Oliveira, em parceria Jornalistas LivresHori

“Porque, se você esquecer que é negro, alguém vai te lembrar. Ser negro na Bahia, é ficar 24h em alerta” (Vovô do Ilê Ayê).

A agressão policial com pessoas negras perante seus familiares, que impotentes assistem ao suplício, é um dos roteiros de desumanização do negro no Brasil nos pelourinhos reais e simbólicos.

Na madrugada do dia 23 de maio deste ano, às 02:15, o advogado negro Alexsandro Cerqueira, despertou na casa de sua mãe, para mais uma experiência violenta que cada negro no Brasil vivencia, com as forças de segurança pública e privada.

O barulho já era perturbador, vidros quebrados, gritos de desespero de uma mulher, e cerca de dez homens da polícia militar baiana na frente da casa da mãe de Alexsandro.

Ao perceber que sua prima era vítima de agressões por parte dos PM’s, Alexsandro tentou intervir e se apresentou como advogado ao oficial que, estranhamente, estava com um alicate na mão, objeto comum nos rituais de tortura nos DOI-CODI’s de ontem e de hoje.

Truculentamente Alexsandro recebeu por resposta “boa merda, vá tomar no seu cú”, entre outros insultos, murro no nariz e uma sessão de espancamento, perante sua mãe idosa, segundo relato da vítima.

A ausência de punição as violentas ações policiais alimentam este sentimento de anomia, prepotência e a violência que exaspera contra pobres e negros, onde quer que estejam. Este braço violento do estado, que é a PM, tem uma função positiva, quando grifa os efeitos da falsa abolição, em face “fila de soldados, quase todos pretos, ‘dando porrada em um homem e uma mulher negra’”, são não brancos que reproduzem o racismo, sim, mas não podem ser racistas.

O advogado Alexsandro sabe quem é. Não foi vítima da democracia racial. Não precisou ser lembrado que é negro, de tal forma, que soube calar e se refugiar, um ato de coragem ou uma tecnologia ancestral, para contornar a montanha da violência, tal como as águas doces.

No mais todo o roteiro de sempre, a OAB/BA prestou auxílio – importante. A PM se desculpou (acho que sim) e prometeu investigar (como sempre…). E, no dia 14/06, nas redes soteropolitanas, teve grande repercussão a agressão de um PM contra um homem branco no bairro soteropolitano “de gente de bem”, mas o preto de Nazaré da Farinhas… Ninguém viu e quis saber.

Nós queremos! Queremos justiça, e reparação para o advogado negro Alexsandro Cerqueira.

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Tacio Oliveira, advogado criminalista e coordenador da Educafro/Bahia e atua no caso.

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Ei rapaz pegou essa camisa onde negão?

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