Invasão de grileiros destrói reserva ambiental em assentamento do MST no Mato Grosso

Grileiros invadem o assentamento 12 de Outubro do MST no Mato Grosso, causando danos graves à reserva ambiental local.

Nos últimos meses, as centenas de famílias que vivem nesse assentamento têm enfrentado ameaças e invasões por parte de grileiros armados. Inicialmente, as invasões ocorreram na área de reserva ambiental, que abrange uma extensão de 6.300 hectares e está situada na região da Amazônia Legal, no norte do Mato Grosso.

É importante destacar que essa região é amplamente dominada pelo agronegócio e fica próxima das cidades de Sinop e Sorriso. Ao longo da última década, as invasões de terras têm se intensificado, especialmente após o início do governo de Jair Bolsonaro e o enfraquecimento dos órgãos de proteção ambiental.

A situação é alarmante, pois a área que deveria estar sob a proteção e fiscalização de órgãos como o Incra e o Ibama tem sido alvo de desmatamento e venda ilegal de madeira há anos. Além das invasões e do desmatamento para criação de pastagens, agora também ocorre a divisão e o loteamento privado dessas terras, que estão sendo comercializadas por imobiliárias como chácaras de lazer.

Dados do MapBiomas revelam uma redução significativa da área de floresta no assentamento ao longo dos anos. Em 2003, a área de floresta era de 3.700 hectares e permaneceu relativamente estável durante os quinze anos seguintes. No entanto, em 2018, quase mil hectares foram desmatados. Em 2019, a área de floresta já havia sido reduzida pela metade, e em 2020, restavam apenas 1.600 hectares.

Apesar dessa situação adversa, as famílias do assentamento têm resistido às invasões, preservando a sustentabilidade do local e desenvolvendo projetos com o apoio da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), como a implantação de uma agroindústria de castanha.

O assentamento está vinculado ao Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) do Incra, que certifica projetos de interesse social e ecológico destinados a comunidades que dependem do extrativismo, da agricultura familiar e de atividades de baixo impacto ambiental. A fiscalização da reserva ambiental é de responsabilidade de diversos órgãos, incluindo o Ibama, o Incra e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema).

No entanto, além da violência das invasões contra as famílias, os grileiros têm promovido a destruição das castanheiras, impedindo que a comunidade do assentamento trabalhe com as árvores e obtenha sua subsistência.

Diante desse cenário preocupante, o MST faz um apelo à sociedade civil e aos órgãos competentes para que apoiem as famílias e tomem medidas imediatas. É necessário denunciar essas invasões e exigir a atuação dos órgãos responsáveis para garantir a segurança das famílias, a preservação das áreas produtivas e a integridade física de todos os envolvidos.

Após as denúncias públicas e mobilizações, o Ministério Público Federal, em conjunto com a Secretaria de Segurança Estadual e a polícia, estiveram no assentamento para investigar a situação. Um dos criminosos envolvidos foi preso. No entanto, a área de reserva ambiental ainda continua ocupada pelos invasores, e espera-se uma ação rápida do Incra e dos demais órgãos competentes para garantir a segurança das famílias e a efetiva remoção dos grileiros da região.

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