Incidência da VERDADE entre a poesia.

A porta da verdade estava aberta,

mas só deixava passar

meia pessoa de cada vez.

 

Assim não era possível atingir toda a verdade,

porque a meia pessoa que entrava

só trazia o perfil de meia verdade.

 

E sua segunda metade

voltava igualmente com meio perfil.

E os dois meios perfis não coincidiam.

 

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.

Chegaram a um lugar luminoso

onde a verdade esplendia seus fogos.

Era dividida em duas metades,

diferentes uma da outra.

 

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.

As duas eram totalmente belas.

Mas carecia optar. Cada um optou conforme

seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

 

 

 

 

Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso.

 

 

 

 

 

*Poemas por Carlos Drummond de Andrade e Bertolt Brecht. Arte por Helio Carlos Mello, foto de Luis Inácio da Silva no DOI-CODI e a obra Operários, de Tarsila do Amaral.

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