Ilha de Superagui é “fechada” após surto de Covid-19 na virada do ano.

Com o maior número de visitantes já registrado na ilha, diversos casos de Covid-19 foram diagnosticados

Socorristas voluntários realizam testes em turistas e nos habitantes da ilha.

Reportagem e Texto: Júlia Nagle

Estima-se que quase 2.000 turistas tenham passado a virada de ano no Parque Nacional de Superagui, localizado no município de Guaraqueçaba/PR, próximo à divisa com São Paulo. Com o maior número de visitantes já registrado na ilha, diversos casos de Covid-19 foram diagnosticados. Na segunda-feira (3), a prefeitura de Guaraqueçaba determinou o fechamento das atividades turísticas na Ilha de Superagui, em uma tentativa de controlar a contaminação comunitária do vírus. O secretário de saúde de Guaraqueçaba, acompanhado de uma escolta policial, se reuniu no dia 4 com os moradores, para reforçar as medidas de segurança. Ele garantiu que haverá higienização das pousadas e campings nos próximos dias.

Apesar do decreto, representantes da associação de moradores da ilha contam que não houve interesse por parte do município em elaborar um plano de prevenção. Segundo a associação, a prefeita Lilian Ramos (PSC) cancelou todas as quatro reuniões marcadas com os moradores com a intenção de estabelecer estratégias para a segurança da comunidade. Atualmente, a prefeitura não possui nenhum controle da entrada e saída de visitantes na reserva nacional, e não houve limitação do número de turistas ou checagem da vacinação.
De acordo com moradores da ilha, não houve quaisquer orientações prévias sobre a recepção dos turistas e fiscalização por parte da prefeitura. Durante a virada de ano, a imensa maioria dos visitantes circulavam sem máscara, colocando a população local em risco. Houveram aglomerações intensas nesse período, e a prefeitura confirmou que até terça-feira (4) houveram 46 testes positivos entre turistas e moradores de Superagui.

Thâmy Padilha é coordenadora e instrutora de um grupo de socorristas e bombeiros civis voluntários que está prestando serviços na ilha desde o dia 28 de dezembro. Ela conta que não havia preparo para receber um número tão grande de turistas:

“O volume de pessoas na Ilha foi além do que os próprios comerciantes locais esperavam. Havia preparo, mas não para a quantidade massiva que chegou na ilha para a virada de ano. As pessoas que chegaram não respeitaram as regras de prevenção, como o uso de máscaras e o não compartilhamento de objetos pessoais”.


Thâmy explicou que o grupo decidiu prestar auxílio após descobrirem que a comunidade de Superagui não possuía a estrutura necessária caso houvesse um surto de Covid-19 na ilha:

“Quando soubemos que não havia uma cobertura de guarda vidas e atendimento pré hospitalar na Ilha das Peças e na Ilha de Superagui, decidimos que poderíamos fazer a diferença nestes lugares, prestar este serviço voluntariamente, agregar conhecimento e vivência aos alunos. Ninguém recebeu nada por este serviço prestado, todos abriram mão de férias, folgas, da virada de ano com a família em benefício da comunidade local. As ilhas são carentes destes cuidados e foi muito gratificante estar lá”.

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