Genocídio brasileiro da covid-19 só fica atrás dos campos de extermínio de Bełżec, Treblinka e Auschwitz

Declaração do deputado federal Osmar Terra, que previu menos de 2.100 mortes, marca um ano de implementação da ‘solução final’. Se o que estamos testemunhando – passivamente, inclusive – não é um genocídio, então é o quê?

Homero Gottardello, jornalista

O termo genocídio soa, até para alguns críticos do governo, como um exagero semântico, mas não há como negar que existe um aniquilamento propositado em curso no Brasil. Ao contrário do que um genocídio demanda, é verdade que, por aqui, falta uma minoria, uma comunidade específica contra a qual as ações de eliminação se ponham. No país do bolsonarismo, o morticínio alcança a todos, independentemente de orientação política, de religião, idade ou condição socioeconômica. Até o final de abril, serão mais de 350 mil vítimas da Covid-19, números superiores ao de mortos em três dos seis piores campos de extermínio nazistas da Segunda Guerra Mundial.


Enquanto Liras, Pachecos, Eduardos, Dórias e Gilmares, entre outros atores, ensaiam as falas de seus personagens, a máquina de matar da pandemia já superou as estatísticas de Majdanek (cerca de 80 mil prisioneiros exterminados) e Sobibór (250 mil), se aproximando de Chełmno (320 mil). Em 40 dias, o “genocídio brasileiro” só terá ficado atrás dos campos de Bełżec, Treblinka e Auschwitz. No papel de Reinhard Heydrich, o deputado federal Osmar Terra foi – no mínimo – o porta-voz da “solução final” tupiniquim. Afinal, foi ele que, em 18 de março de 2020, portanto, há exatamente um ano, projetou o número de 2.098 vítimas, fazendo pouco caso da pandemia.
O negacionismo de Terra teve, a partir deste ponto, o mesmo efeito da carta enviada pelo general da SS a Martin Franz Julius Luther, do Ministério alemão do Exterior, em fevereiro de 1942: a declaração canalha do deputado federal é, portanto, o marco zero do programa nazifacista posto em prática no Brasil. A patifaria de Terra trouxe à baila aquilo que fora definido, pouco antes, na nossa “Conferência de Wannsee”, que o governo federal faria de tudo para sabotar uma campanha de vacinação e que a cooperação de outros setores do poder público, no cumprimento de sua diretriz, seria por ele mesmo assegurada.

Por Gerson Nogueira


A exemplo do que ocorreu na Alemanha nazista, foi a partir da colaboração ou da omissão de Ministérios, dos Poderes Legislativo e Judiciário, além do Ministério Público, que nossa “solução final” foi posta em prática – com muito sucesso, por sinal. Para quem ainda duvida da capacidade genocida do governo brasileiro, foi necessário um ano e cinco meses para 250 mil prisioneiros judeus serem exterminados no inferno de Sobibór. Já por aqui, esta ‘meta’ foi batida com mais de quatro meses antecedência.
Outra semelhança entre o genocídio brasileiro e o praticado nos campos de extermínio é que, lá como cá, as vítimas são mortas por asfixia. Se em Majdanek (onde foi usado o Zyklon B), Sobibór e Chełmno (onde aplicava-se monóxido de carbono), os prisioneiros eram amontoados em câmaras de gás e em vans, aqui a coisa não muda muito de figura. As enfermarias dos pronto-atendimentos viraram verdadeira câmaras de gás e muita gente já morreu dentro de ambulâncias, sem encontrar vagas nos hospitais superlotados. Pior, em meio a estes dois holocaustos, não faltou quem lucrasse. Durante os anos sombrios do Reich, o Deustche Bank confiscou propriedades, dinheiro e até ouro dos judeus perseguidos, e montadoras como BMW, Mercedes-Benz e Volkswagen, além de indústrias de outros setores, se beneficiaram de mão de obra escrava (na VW, os escravos chegaram a representar mais de 65% dos trabalhadores, em uma de suas unidades).


Já no Brasil e segundo a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o “estoque de riqueza” das 400 maiores empresas de capital aberto cresceu de R$ 1,79 bilhão para R$ 1,86 bilhão, no último trimestre do ano passado – já descontada a inflação, em relação ao mesmo período de 2019, portanto antes da pandemia. Parece contraditório, mas enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu 5%, o patrimônio líquido dessas empresas cresceu 4,1%, no mesmo intervalo. Chega a ser incrível o fato de o lucro líquido das financeiras e dos bancos privados ter alcançado R$ 47,4 bilhões, só entre julho e setembro de 2020!
Como se pode ver, são muitas semelhanças em termos de perversão, desumanidade e negligência, além de números que falam por si. Então, pergunto: se o que estamos testemunhando – passivamente, inclusive – não é um genocídio, então é o quê?!?

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres

COMENTÁRIOS

Uma resposta

  1. Este artigo muito mal escrito em linguagem literária tati-bitati, é uma afronta às vítimas do Holocausto.
    A internet tem milhões de imagens reais dos campos de extermínio dos Judeus perpetrado pelos nazi-fascistas, mas tudo o que vocês tem para atestar o “genocídio da covid” são ridículas charges.
    Desfio vocês, militantes e não jornalistas, a mostrarem as fotos e vídeos do “genocídio da covid”, hospitais, necrotérios e cemitérios repletos de corpos das vítimas do suposto “coronavírus, o mais letal da história deste planeta”.
    Ocorre que, do mesmo modo que a “pandemia do corona”, o “genocídio da covid” só existe nas cabeças marxistas de vocês.

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