Mesmo com o desespero eleitoral de Bolsonaro, que tentou impedir o aumento da gasolina até o fim do segundo turno, o preço voltou a subir na última semana após 15 semanas de queda. De acordo com a pesquisa divulgada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na última segunda (17), o valor do litro cresceu R$0,7, quase 1,5%. O valor médio do litro passou de R$4,79 entre os dias 2 e 8 de outubro para R$4,86 entre o 9 e 15 do mês.
Por Emanuela Godoy
Pressionada pelo calendário eleitoral, a Petrobrás se tornou um instrumento de campanha política de Bolsonaro. Em maio, o presidente já havia dito a aliados que queria preços de combustível e gás congelados até o dia das eleições. No mesmo mês, Bolsonaro trocou o presidente da Petrobrás, colocando o Caio Paes de Andrade que era o secretário do Ministério da Economia. Com o seu comando, a petroleira conduziu quatro reduções de preços. A última delas passou a valer em setembro, com a queda de 7%. Em junho desse ano, o litro da gasolina estava custando em média R$7,22. Na caminhada de Guarulhos, na sexta (7), Lula disse que Bolsonaro está utilizando as eleições para fazer tudo aquilo que deveria ter feito antes.
“A alta dos combustíveis nos postos mostra a realidade se impondo contra o uso eleitoreiro da Petrobrás por Bolsonaro. O estelionato eleitoral do Bolsonaro, que mandou a Petrobrás segurar preços de combustíveis nas refinarias, está desmascarado”, explica Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP) .
Apesar da alta do petróleo, a Petrobrás não mexia no preço da gasolina desde setembro. Segundo a Associação Brasileira de Combustíveis (Abicom), a defasagem entre o preço médio da gasolina nas refinarias brasileiras e a paridade de importação estava em 8% ou R$ 0,30 por litro, o que tornava inviável o congelamento dos preços.
Em 2016, após o golpe que levou Temer ao poder, o governo implementou o Preço de Paridade de Importação de importação (PPI). Com essa medida, o petróleo nacional passou a ser vendido ao mesmo preço da sua importação. Assim, é inevitável o encarecimento do petróleo e do gás, uma vez que as suas vendas passaram a estar atreladas ao dólar. Em seu governo, Bolsonaro manteve o PPI e deu continuidade ao desmonte da produção nacional. Se quisesse Bolsonaro poderia acabar com o PPI, já que é não se trata de uma lei, mas sim de uma decisão da Petrobrás e do Executivo. Entretanto, Bolsonaro, para preservar o lucro cada vez maior dos acionistas da petroleira, faz o povo pagar o combustível em dólar.
O PPI não é lei, é decisão da gestão da Petrobrás e do Executivo. Mas não mudam o PPI porque é um dos motivos de a empesa estar pagando dividendos recordes para os acionistas. Resumindo: o povo paga o combustível em dólar, para os acionistas terem um lucro maior.
Na semana passada, as cotações internacionais dispararam após o corte de dois milhões de barris por dia na produção da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), o que também limita a atuação estatal na campanha e leva