Em frente à Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania, CCJC, em Brasília, um destacamento da Polícia Militar e da Polícia Parlamentar barraram a entrada de indígenas nessa quarta-feira, 16, enquanto no Anexo II o Projeto de Lei 490/07 tinha autorização para ser votado. O PL retrocede décadas de história das lutas pela demarcação de terras indígenas.
No acampamento em frente ao Palácio do Planalto, mais de mil indígenas, entre eles lideranças como Sônia Guajajara, Alessandra Karop e Dário Kopenawa, tentavam dialogar com a Funai, que da mesma forma agride o indígena através de ataques de censura, em seu direito de manifestar pacificamente. Choviam bombas de gás lacrimogênio, de efeito moral e balas de borracha. Havia mais policiais do que indígenas em frente à Funai. Alessandra Karop avisou em live pelo Instagram que eles não irão abandonar seu direito de fala.
O delegado Marcelo Xavier não é mais o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai)!
A deputada Fernanda Melchionna, do Psol, assustada e impressionada com a quantidade de policiamento em frente ao Anexo II da CCJC, pediu vista diante de tanto horror naquela que seria a casa do povo:
A deputada Joênia Wapichana também mostrava insatisfação diante de todas as demonstrações de decoro dos colegas de Casa, assim como a pressa da presidente de Mesa, deputada Bia Kisis, em dar prosseguimento aos ritos. Sua fala foi contundente sobre o PL 490/07:
O projeto de Lei 490/07 é perseguição ao indígena. A ideia é utilizar terras do povo ancestral e liberará-las a empreendimentos, como o garimpo. Dessa forma, as terras demarcadas vão a leilão para se tornar moeda de troca. Cada garimpo se torna curral eleitoral. Cada terra indígena é tomada para ser invadida com aval federal e as terras onde se encontram os indígenas em situação de isolamento, sem contato com o homem, correm risco maior ainda, pois se tornam entrada e saída do tráfico e da grilagem. O genocídio já não está escondido. O genocídio está sendo votado às pressas porque os genocidas não perdem tempo.