Frente Popular de São Roque e a luta pela manutenção dos direitos sociais

A Frente Popular de São Roque é um grupo formado por cidadãos críticos que lutam contra as chamadas maldades do governo Michel Temer e os retrocessos dos direitos sociais nos diferentes âmbitos da esfera pública (municipal, estadual e federal). Pensa e age a partir da orientação dos novos movimentos sociais, isto é, as decisões são pautas de maneira horizontal e emergem de consenso. Almeja, dessa forma, adensar a sociedade civil local, defender os direitos humanos e exigir transparência e democracia nas decisões governamentais de São Roque e região.

A caminhada da Frente iniciou em junho de 2016, em pleno contexto de ruína do sistema político brasileiro, agravamento da crise econômico e ofensiva contra os direitos sociais e políticas públicas duramente conquistados nos últimos anos.

Adotou-se o nome de Frente Popular em referência aos movimentos sociais de forma geral. Sendo assim, não vinculou-se formalmente a nenhuma das frentes existentes (Povo Sem Medo e Brasil Popular), apesar de divulgar os atos e lutas desses grupos.

Formou-se a Frente a partir de convites aos cidadãos que pudessem contribuir na luta social e defesa das políticas públicas, independente de filiação a agremiação política. Na Frente, enxerga-se todos os participantes como mais um cidadão crítico que aderiu a luta comum, visto que não pretende tornar-se uma frente partidária e/ou eleitoral.

Desde o início, a Frente incentiva a diversidade de setores participantes, como professores, estudantes secundaristas e universitários, sindicalistas, médicos, artistas e demais militantes das causas sociais. Isto permitiu, até o momento, o estabelecimento de uma significativa rede de informação na cidade.

A Frente é constituída por uma estrutura simples, com grupos nas redes sociais para trocar impressões sobre os acontecimentos e também informações que posteriormente são redistribuídas. Dessa forma, a Frente conseguiu, lentamente, desenvolver uma ação mais eficaz e articulada, influenciando pautas de jornais locais e discussões nas Câmaras de Vereadores.

Para facilitar a difusão de informações, a Frente se utiliza de um blog (searadionaotoca.blogspot.com.br) que divulga notícias diversas, com destaque para acontecimentos locais. Este meio de comunicação foi o principal responsável pela publicização da passeata realizada por 350 estudantes e servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, Campus São Roque (IFSP/SRQ) no dia 13 de setembro. A ampla divulgação nas redes sociais e no blog fez com que os demais jornais  também falassem sobre este ato.

De maneira artesanal e voluntariosa, participantes da Frente imprimiram pequenos textos alertando para as consequências das medidas adotadas pelo governo Temer e que ameaçam as conquistas do povo brasileiro (PEC do Teto, Escola Sem Partido, Reformas da Previdência e Trabalhista, Corte no Orçamento, etc.) e distribuíram nessa passeata do dia 13 de setembro. O folheto também explicava os objetivos da Frente e convidava a sociedade são-roquense a participar dessa empreitada.

Um dia antes da eleição municipal, 1º/10, a Frente participou de ato organizado por alguns estudantes do Instituto Federal, Campus São Roque para protestar contra a PEC do Fim do Mundo e a impositiva reforma do ensino médio através da Medida Provisória n. 746. Para chamar a atenção dos cidadãos que se encontravam no local, os manifestantes fizeram um “apitaço” e uma caminhada nas estreitas ruas do centro da cidade de São Roque.

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Ato em frente à Câmara de Vereadores

Derrotado na eleição, o atual prefeito determinou a diminuição no horário de atendimento de diversos serviços públicos municipais e o encerramento de algumas atividades culturais desenvolvidas no Centro Educacional e Cultural Brasital. Diante deste fato, a Frente Popular de São Roque convidou, por meio das redes sociais, os são-roquenses e demais cidadãos para um protesto contra as intemperes da gestão municipal. Essa pressão contribuiu para o prefeito recuar e as oficinas culturais não serem fechadas.

No dia 15 de outubro, dia dos professores, a Frente organizou uma Aula Pública na praça da Matriz, região central. Com a presença de docentes do Instituto Federal, da Unifesp, das redes estadual e municipal de São Roque, Mairinque, Araçariguama e Barueri, supervisor educacional da Prefeitura de São Paulo e demais moradores da região. A atividade reuniu mais de 100 pessoas.

De maneira didática e democrática, a Aula Pública explicou o que seria a Proposta de Emenda à Constituição 241 (atual PEC 55) e a Medida Provisória 746 que propõe a reforma do ensino médio. Entre uma fala e outra, os manifestantes e demais cidadãos que se encontram na região central da cidade foram brindados com apresentações musicais dos cantores João Bid e Matheus Pezzotta e intervenção teatral do grupo Casca Grossa, coletivo de alunos de uma escola pública. Além disso, houve entrega de rosas vermelhas e brancas para alguns educadores, em homenagem ao dia dos professores.

O custo dessa Aula Pública foi praticamente zero e contou com a colaboração dos participantes. Amigos e simpatizantes da causa doaram as flores para homenagear os educadores, outros cederam o som e os panfletos distribuídos (400) com a lista dos deputados que votaram contra o povo brasileiro foram impressos de maneira artesanal.       

Poucos dias depois, seis jovens foram à assembleia do IFSP na cidade de São Paulo. Nesta, os estudantes deliberaram pela ocupação da Reitoria da Instituição. A Frente buscou apoiá-los por meio de doação de alimentos, assessoria jurídica e divulgação das atividades de ocupação nas redes sociais. No final do mês de novembro, estudantes deliberaram pela ocupação parcial do Campus São Roque. A Frente novamente apoiou a ação por meio de doação de alimentos, assessoria jurídica, divulgação das atividades de ocupação nas redes sociais, palestras e atividades culturais.

Enquanto as ocupações transcorriam, a Frente apoiou os estudantes do Instituto Federal em ato em frente à Câmara de São Roque. Nesta ocasião, professor da instituição fez uso da tribuna proferindo discurso que contribuiu para os vereadores, na sessão seguinte, aprovarem de forma unânime uma Moção de Repúdio à PEC do Teto dos Gastos (241/55).

Paralelamente a essas ações, membros da Frente visitaram escolas da região e a Câmara de Mairinque alertando sobre as consequências negativas da PEC do Teto e da MP 746. Como consequência, os vereadores de Mpanfletagem-3-12-2916-1airinque aprovaram, também de forma unânime, uma Moção de Repúdio à PEC do Teto dos Gastos (241/55).   

Recentemente, os membros da Frente decidiram panfletar, nos finais de semana e em locais estratégicos da cidade, para denunciar as maldades travestidas de PEC’s, MP’s e reformas do governo Temer.

Em uma cidade com menos de 90 mil habitantes, a Frente Popular de São Roque apresenta-se, hoje, como uma possibilidade para reaglutinar os cidadãos críticos a partir de pautas e lutas contra as tentativas de supressão dos direitos sociais. Em um momento de avanço conservador e fragilidade dos princípios progressistas, o otimismo dessas ações fortalece e anima seus militantes. Espera-se que esta experiência inspire outras cidades e pessoas na construção de um mundo mais participativo e justo.

                                      

    

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