Fogo no Borba Gato: Galo, Biu e Thiago passam pela primeira audiência

Aconteceu hoje a primeira audiência de Galo, Biu e Thiago, os ativistas que incendiaram o Borba Gato, no Fórum Barra Funda

Aconteceu hoje a audiência dos ativistas Galo, Biu e Thiago, presos ano atrás por participarem de uma manifestação não-violenta que incendiou a estátua do Borba Gato em São Paulo. O protesto contra o racismo foi organizado pelo movimento Revolução Periférica. Mesmo livres e tendo sua prisão revogada, os três ativistas continuaram sendo processados pela justiça e réus por 3 crimes.

Por Nicole Conchon

Em julho de 2021, o ativista Paulo Galo, conhecido como Galo, foi preso juntamente com a sua esposa, Géssica, por participar do incêndio da estátua do bandeirante Borba Gato em São Paulo. Também foram presos Danilo Silva de Oliveira, conhecido como Biu; e Thiago Vieira Zem. Tais condenações geraram debates nas redes sobre a criminalização de movimentos populares e o heroísmo nacional voltado a figuras racistas e escravocratas como os bandeirantes, em estátuas e outras homenagens espalhadas pela cidade e pelo Brasil. Géssica foi presa sem nem ter ido ao ato.

Na ocasião, o grupo espalhado pneus pela via e ateou fogo na estátua do racista. Nenhum deles têm antecedentes criminais e não deixaram de colaborar com as investigações.

Nesta quinta-feira, (8), aconteceu a primeira audiência do caso no Fórum da Barra Funda. Em uma entrevista com os Jornalistas Livres, o advogado de Galo, André Lozano, diz estar esperançoso com o processo. Acredita que está cada vez mais claro dentro do júri que foi uma manifestação pacífica, que não houve nenhum tipo de violência, que é pautado no direito à manifestação.

Segundo Lozano, a polícia se negou a informar como chegou à autoria do ocorrido, disse que “não precisa revelar os meios que tem para chegar até as pessoas. Nós chegamos e ponto”. Só que pela lei, é preciso dizer os meios e métodos de coleta de provas, a tal da cadeia de custódia. Ou seja, fica clara uma tentativa de criminalização e condenação das lutas populares.

“A gente não fez nada perto do que eles fazem e fizeram com a gente. Isso foi para poder alimentar um debate, para poder dizer e falar ‘ó, mano, olha para isso, isso aqui tá errado”, disse Galo na ocasião.

Géssica esteve na audiência e contou aos Jornalistas Livres sobre como se deu essa primeira etapa. “Por todo cenário visto sendo ouvida, acredito que a sentença será favorável pra ambas as partes. Acredito nisso, lutar por nossos direitos, lutar pra abrir um debate não é crime. E com toda essa luta que estamos vivendo, com a abertura do debate, que todas as pessoas possam conhecer nossa real história, e possamos decidir que lado queremos estar”.

“Criminalizar a luta, é silenciar a voz do povo. É necessário entender e conhecer estátuas erguidas de genocidas de suas épocas. É a mesma coisa de aceitar os crimes dos genocidas da nossa época”, completou.

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