Festival de artes indígenas rec•tyty acontece de 17 a 25 de abril em plataforma virtual

As multilinguagens abrem espaço para indígenas narrarem as próprias histórias
Festival Tyty1

rec•tyty

rec•tyty. Nome sonhado por Papá Guarani, é fruto da junção entre a sigla ‘rec’, que pode tanto ser o ‘record’ das máquinas de imagens, como também ‘recordar’, no sentido da memória; e a palavra guarani ‘tyty’, que aos nossos ouvidos soa como tâ-tâ, guardando em si uma rede de significados: tanto a “poesia concreta” que dá nome ao batimento cardíaco quanto uma  “metáfora” para a emoção, o calor humano, a pulsação dos afetos, a vida em seu movimento.

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O pulsar do coletivo costurado a partir do encontro de artistas visuais, fotógrafos, cineastas, músicos, pensadores e oficineiros. Um importante e significativo recorte da arte indígena produzida hoje em todo o território nacional se reúne, numa plataforma virtual, durante nove dias de abril. O festival rec.tyty foi idealizado pelo Instituto Maracá, com direção artística assinada por Anna Dantes, idealizadora da Dantes Editora e do Selvagem Ciclo de Estudos sobre a Vida, e curadoria de Ailton Krenak, Cristine Takuá, Carlos Papá, Naine Terena e Sandra Benites. As multilinguagens que aqui se encontram abrem espaço para que indígenas possam narrar e colorir as próprias histórias, mantendo vivas as heranças e tradições culturais. Além, claro, de fomentar toda uma produção artística, pronta para ser apreciada, valorizada e amplificada enquanto expressão de outras vozes, pensamentos e existências. 

Além do acesso a obras visuais, sonoras, cinematográficas e fotográficas, os visitantes terão a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre algumas culturas indígenas, em suas tradições e contemporaneidades, por meio de um ciclo de conversas, que vão acontecer em parceria com o projeto Selvagem. Também será possível conhecer a primeira etapa do projeto Nhe´ẽry  que, por meio de oficinas artísticas, vem promovendo a recriação de mapas da cidade e do litoral de São Paulo, a partir da perspectiva e da língua do povo Mbya-Guarani. O público terá ainda a chance de participar de encontros virtuais com convidados de quatro diferentes povos – , entre conversas e apresentações de cantos, danças, pinturas corporais, rituais, trajes que compõem sua identidade e expressão.

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“Queremos com o rec.tyty trazer esse pulsar Nhe´ẽry como uma forma de nos reconectarmos, numa ação coletiva, em um diálogo com artistas que produzem pensamento. A arte é pensamento.”

Cristine Takuá

A realização de um festival virtual representa a oportunidade de seguir com o fortalecimento das artes e das culturas indígenas nos circuitos de arte e produção de conhecimento, como medida de enfrentamento prático ao isolamento físico que tanto afeta nossas dinâmicas afetivas e de sociabilidade.

rec•tyty é realizado através do PROAC Expresso Lei Aldir Blanc, Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Governo do Estado de São Paulo, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.

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Instituto Maracá

Inspirados pelos maracás dos mais de 200 povos indígenas no Brasil, a intenção do Instituto Maracá é fazer ressoar as vozes dos povos indígenas para o mundo, aproximando universos tão distantes e contribuindo para a construção de uma sociedade mais inclusiva.

Fundado por Cristine Takuá, Carlos Papá e Ailton Krenak. 

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Plataformas de Veiculação

Site do Festival (galeria virtual) 

Canal de Youtube do Instituto Maracá

Canal de Youtube do projeto Selvagem

Instagram/Facebook do Instituto Maracá

Salas de videoconferência do Zoom

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Composição da Galeria rec•tyty

Apresentações

  • Djuena Tikuna
  • Kunumi MC
  • Oz Guarani
  • Xondaro Kuery (Aldeia Pyau – Jaraguá)

Artes Visuais

  • Aislan Pankararu
  • Arissana Pataxó
  • Denilson Baniwa
  • Gustavo Caboco Wapixana
  • Hukena Yawanawa
  • Isael Maxakali
  • Jaider Esbell
  • Tamikuã Txihi 
  • Xadalu Tupã Jekupé
  • Yaka Huni Kuin

Fotografia

  • Aldo Guarani Kuaray Mirim
  • Edgar Xakriabá
  • Fabiano Verá da Silva Guarani Mbya
  • Kamikia Kisedje
  • Kronun Kaingang
  • Richard Werá Mirim
  • Ubiratã Suruí
  • Vhera Poty Guarani Mbya
  • Yara Ashaninka

Curtas

  • Alberto Álvares Guarani Nhandeva
  • Alexandre Werá
  • Divino Xavante
  • Genito Gomes Kaiowá (+ Coletivo de Diretores)
  • Gilmar Kripuku Galache Terena
  • Isaka Huni Kuin
  • Patricia Ferreira Guarani Mbya
  • Paulinho Bororo
  • Renan Kisedje
  • Sueli Maxakali 
  • Wewito Ashaninka

Oficina Nhe’ēry

  • Aldeia Pyau – Jaraguá – São Paulo – Capital
  • Aldeia Rio Silveira – Bertioga, São Paulo

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Veja também em Jornalistas Livres

https://jornalistaslivres.org/projeto-futuro-do-presente-presente-do-futuro-125-edgar-kanayko-xakriaba-siwettet-resistencia/

https://jornalistaslivres.org/projeto-futuro-do-presente-presente-do-futuro-46-kadu-xucuru-aldeiafavela/

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