Fábio Faria, quem diria, desembarcou da confusão que ele armou com o núcleo duro da campanha de Bolsonaro, candidato do PL à reeleição. O ministro das Comunicações recuou da denúncia feita por ele na segunda (24), e admitiu ter cometido um erro. “Me arrependi profundamente de ter participado daquela entrevista coletiva. Se eu soubesse que [a crise] iria escalar, eu não teria entrado no assunto”, afirmou.
Ele havia convocado a imprensa para informar sobre “graves fraudes” em inserções de propagandas do horário eleitoral gratuito de rádio, principalmente no Nordeste.
Segundo o ministro, o presidente teria tido 154.085 inserções a menos que seu adversário, Lula (PT), o que provocaria “desequilíbrio” de forças na disputa. A descoberta, como explicou, havia sido atestada por uma consultoria contratada pela campanha.
O episódio foi tratado pela imprensa como Radiolão ou RadioGate de Bolsonaro e, com base nele, partidários do presidente passaram a pedir o adiamento das eleições. O senador Lasier Martins (Podemos-RS), considerando o “prejuízo irreparável”, escreveu em sua conta do Twitter: “Falhou a fiscalização. Para restabelecer a equidade no processo eleitoral é preciso tempo para investigação profunda. Adiar a eleição é a única solução”.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, deu 24 horas para a coligação Pelo Bem do Brasil apresentar provas que sustentassem a denúncia.
Bolsonaro chegou a declarar que sua equipe virou a noite para atender as exigências do tribunal. No dia seguinte, a equipe jurídica do presidente enviou um relatório de uma suposta auditoria para comprovar as denúncias.
Escândalo não convence a Justiça eleitoral
Moraes, no entanto, rejeitou a ação alegando que os dados eram “inconsistentes” e que não serviam como prova. Além disso, pediu ao Ministério Público Eleitoral investigação da coligação, que além de apresentar denúncia falsa, tumultuava o processo eleitoral poucas horas antes da eleição do segundo turno.
Bolsonaro informou que recorrerá. A decisão do TSE refletiu o tiro no pé, gerando mal-estar na campanha que contava com a artimanha para virar os rumos da acirrada disputa. O presidente se mentem no segundo lugar em todas as pesquisas publicadas no segundo turno.
Nesta sexta (28), Fábio Faria declarou o seu arrependimento em entrevista à jornalista Mônica Bergamo. Contou que planejava, com a coletiva de imprensa, tentar um “acordo” com o TSE.
Para livrar dos seus ombros o peso da acusação, o ministro das Comunicações culpou o partido de Bolsonaro por não fiscalizar as inserções nas rádios. “A falha era do partido, que percebeu o problema tardiamente, e não do tribunal. Como havia pouco tempo para o TSE fazer uma investigação mais aprofundada, eu iniciei um diálogo com o tribunal em torno do assunto”, afirmou.
2 respostas
Ele não falou isso. Assista o que ele realmente falou no Pânico JP do dia 27/10.
Jornalismo pode contar mentira assim? Rasgaram o diploma e perderam confiabilidade.