Estudantes de MT pedem direito a locomoção em dia de motociata eleitoreira

Enquanto o presidente usava o aparato estatal e bloqueava as avenidas e estradas entre Várzea Grande e Cuiabá para se exibir à la Mussolini, secundaristas exigiam nas ruas o cumprimento da Lei do Passe Livre

A pé ou de bicicleta, dezenas de estudantes secundaristas, especialmente do Instituto Federal de Mato Grosso, percorreram nessa quarta-feira 19 de abril diversas ruas de Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá, até a Câmara Municipal para exigir o cumprimento da Lei LEI 2758/2005, que autoriza a prefeitura a instituir o Passe Livre Estudantil 100% gratuito. Apesar de aprovado há 17 anos, esse direito dos discentes jamais foi regulamentado e implantado. Com o agravamento da crise econômica e o aumento das tarifas de transporte, chegar aos locais de ensino está cada vez mais difícil e muitos estudantes são obrigados a largar os estudos.

A essa reivindicação histórica, somaram-se ainda protestos contra o fechamento de escolas durante a pandemia, a falta de estrutura adequada em vários estabelecimentos e a militarização do ensino. A última vez que um “ministro” da educação esteve no estado, aliás, foi em 2019, exatamente para inaugurar um programa de escolas militares e ser homenageado pela Polícia Militar como “Homem do Mato”. Na ocasião, mentiu para um grupo de professoras do ensino fundamental que a razão para seus baixos salários e longas jornadas com salas cheias eram os vencimentos altos e o pouco trabalho do corpo docente das universidades e institutos federais, como o IFMT e a UFMT.

Ex-ministro da educação em visita a Cuiabá para inauguração de projetos de escolas militares – foto: Mediaquatro, 2019

Além da pouca repercussão das manifestações pelos meios de comunicação locais, a organização da marcha teve de escolher um itinerário que não coincidisse com mais uma motociata eleitoreira do presidente entre o aeroporto da capital, que fica em Várzea Grande, e ruas periféricas e centrais de Cuiabá. Ao contrário do evento estudantil, a movimentação presidencial, que está sendo questionada na Justiça como propaganda eleitoral antecipada, teve ampla divulgação, quase convocação, em alguns dos principais sites e jornais da região. Mesmo assim, os estudantes conseguiram se fazer ouvir no legislativo municipal e seguirão fazendo pressão para o cumprimento da lei aprovada.

Veja abaixo fotos da manifestação clicadas pelo fotógrafo Francisco Alves:

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