Escalada da violência tem nome: Bolsonarismo

Um crime político não pode ser tratado como briga de vizinhos
Justiça para Marcelo Arruda por Cris Vector

Por Mauro Rubem Jonas, vereador (PT) por Goiânia

	Precisamos discutir e conscientizar a população brasileira sobre o aumento da violência no país nos últimos anos. Ocorreu em todas as esferas: contra a mulher, contra a comunidade LGBTQIA+, na política, nas famílias, nas ruas. Isto tem uma causa clara, apontada por diversos sociólogos: o bolsonarismo. O presidente eleito em 2018 sempre teve discurso pró-armamentista, defende a ditadura, a tortura e prega que “bandido bom é bandido morto”. Ele também incentiva seus seguidores a agir de maneira violenta com aqueles que pensam diferente, não se sensibiliza com crimes contra partidários da esquerda e até os justifica. 

	Na última semana, um guarda municipal petista foi assassinado por um bolsonarista em Foz do Iguaçu (PR), dentro de casa, quando comemorava seu aniversário. A festa tinha como tema a candidatura de Lula (PT) à presidência este ano. Marcelo Arruda foi morto a tiros, na frente da esposa e dos filhos. O crime ocorreu um dia depois de Bolsonaro afirmar, numa transmissão ao vivo nas redes sociais, que os eleitores sabem como se preparar antes das eleições. “Não preciso dizer o que estou pensando, mas você sabe o que está em jogo. Você sabe como deve se preparar, não para o novo Capitólio, ninguém quer invadir nada, mas sabemos o que temos que fazer antes das eleições.” Sociólogos demonstraram preocupação com a fala, que sugere atos antidemocráticos antes ou depois da eleição.

	Dois dias após o assassinato de Marcelo, o presidente voltou a fazer discurso pró-armas para seus apoiadores e atacou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A Polícia Civil do Para, por sua vez, aceitou o discurso de Bolsanaro e não considerou o assassinato um crime político. Contrariando o direito da defesa, a delegada responsável pelo caso não permitiu que o advogado da família de Marcelo tivesse acesso ao processo, não ouviu as testemunhas indicadas e se recusou a fazer perícia no celular do agressor. Isso nos deixa indignados e serve como mais um incentivo aos crimes de ódio e à violência política.

	O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, teme que ocorra no Brasil, de forma mais grave, algo como a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos. Os discursos de ódio de Bolsonaro vêm se intensificando. Em maio, ao mencionar que Lula organizava alianças e se reunia com candidatos a outros cargos efetivos, o presidente, candidato à reeleição, disse: “É bom, um tiro só mata todo mundo ou uma granadinha só mata todo mundo”. No mesmo dia, um homem jogou um artefato explosivo com fezes e urina no meio de um comício do ex-presidente Lula, no Rio de Janeiro.

	De acordo com o sociólogo e professor da Universidade Federal de São Paulo, Gabriel Feltran, o perfil de 75 a 85% dos homicídios no Brasil é de homens, jovens, negros e moradores de comunidades, mas a fronteira está se alargando para grupos que não apoiam o projeto de nação de Bolsonaro. Feltran aponta como exemplos episódios violentos recentes, como o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), no Rio de Janeiro, e a execução do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips por pescadores ilegais, na Amazônia. “Não precisa de muita sofisticação para a gente ver as conexões entre esses eventos. Eu não trataria o assassinato do Marcelo Arruda como algo isolado, um maluco que decidiu ir lá e dar um tiro em outra pessoa. Para mim, a gente tem que encadear os eventos de violência que vêm acontecendo no Brasil, no quadro social, no quadro político, no quadro econômico”, disse, em entrevista à BBC.

	Violência contra a mulher – Bolsonaro também tem um histórico de agressões a mulheres, bem anterior à sua chegada à presidência. Em 1998, durante campanha eleitoral para se reeleger deputado federal, Bolsonaro esmurrou a cabeça de Conceição Aparecida, funcionária de uma empresa de consultoria jurídica que prestava serviços para o Exército. Conceição discutia com uma apoiadora dele. Em julho de 2011, a ex-esposa de Bolsonaro Ana Cristina Valle, mãe de Jair Renan, disse que teria se mudado para a Noruega depois de receber ameaça de morte do ex-marido. Alguns anos depois, em 2014, Jair Bolsonaro atacou a deputada Maria do Rosário (PT), dizendo que “ela não merecia ser estuprada, porque é muito feia”. Foi condenado pelo ataque, pagou multa e teve que se desculpar publicamente.

	Depois de eleito, em 2018, Bolsonaro extinguiu a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, que havia sido criada por Lula, em 2003. Em 2019, fez apologia ao turismo sexual no Brasil, afirmando que era contra a vinda de turistas gays ao país, mas “quem quiser vir aqui para fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”. Em 2020 e 2021, o ódio do presidente foi direcionado a mulheres que trabalham na imprensa. A elas, fez menções de cunho sexual e desqualificou suas capacidades intelectuais e profissionais. Chegou a chamar a jornalista Daniela Lima, da CNN Brasil, de “quadrúpede”.
 
	Ações como essas são inaceitáveis por parte de qualquer cidadão, mas se tornam perigosas quando partem do presidente. Acabam por minimizar e incentivar todo o tipo de crime. Infelizmente, partidários do bolsonarismo têm aparecido frequentemente nos noticiários por agressões contra mulheres. O último caso foi o do médico anestesista que estuprou uma gestante durante a cesária, no Rio de Janeiro. Por tudo isso, lutamos para que Bolsonaro não se reeleja. A criminalidade não pode ser relevada, celebrada. Vivemos numa democracia! O Brasil merece mais que isso. Merece que todos tenham acesso à alimentação, à saúde, à educação, à cultura. Que todos retomem a capacidade de sonhar por uma sociedade melhor. É por isso que trabalhamos incansavelmente.

Precisamos discutir e conscientizar a população brasileira sobre o aumento da violência no país nos últimos anos. Ocorreu em todas as esferas: contra a mulher, contra a comunidade LGBTQIA+, na política, nas famílias, nas ruas. Isto tem uma causa clara, apontada por diversos sociólogos: o bolsonarismo. O presidente eleito em 2018 sempre teve discurso pró-armamentista, defende a ditadura, a tortura e prega que “bandido bom é bandido morto”. Ele também incentiva seus seguidores a agir de maneira violenta com aqueles que pensam diferente, não se sensibiliza com crimes contra partidários da esquerda e até os justifica. 

	Na última semana, um guarda municipal petista foi assassinado por um bolsonarista em Foz do Iguaçu (PR), dentro de casa, quando comemorava seu aniversário. A festa tinha como tema a candidatura de Lula (PT) à presidência este ano. Marcelo Arruda foi morto a tiros, na frente da esposa e dos filhos. O crime ocorreu um dia depois de Bolsonaro afirmar, numa transmissão ao vivo nas redes sociais, que os eleitores sabem como se preparar antes das eleições. “Não preciso dizer o que estou pensando, mas você sabe o que está em jogo. Você sabe como deve se preparar, não para o novo Capitólio, ninguém quer invadir nada, mas sabemos o que temos que fazer antes das eleições.” Sociólogos demonstraram preocupação com a fala, que sugere atos antidemocráticos antes ou depois da eleição.

	Dois dias após o assassinato de Marcelo, o presidente voltou a fazer discurso pró-armas para seus apoiadores e atacou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A Polícia Civil do Para, por sua vez, aceitou o discurso de Bolsanaro e não considerou o assassinato um crime político. A delegada responsável pelo caso não permitiu que o advogado da família de Marcelo tivesse acesso ao processo, não ouviu as testemunhas indicadas e se recusou a fazer perícia no celular do agressor. Isso nos deixa indignados e serve como mais um incentivo aos crimes de ódio e à violência política.

	O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, teme que ocorra no Brasil, de forma mais grave, algo como a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos. Os discursos de ódio de Bolsonaro vêm se intensificando. Em maio, ao mencionar que Lula organizava alianças e se reunia com candidatos a outros cargos efetivos, o presidente, candidato à reeleição, disse: “É bom, um tiro só mata todo mundo ou uma granadinha só mata todo mundo”. No mesmo dia, um homem jogou um artefato explosivo com fezes e urina no meio de um comício do ex-presidente Lula, no Rio de Janeiro.

	De acordo com o sociólogo e professor da Universidade Federal de São Paulo, Gabriel Feltran, o perfil de 75 a 85% dos homicídios no Brasil é de homens, jovens, negros e moradores de comunidades, mas a fronteira está se alargando para grupos que não apoiam o projeto de nação de Bolsonaro. Feltran aponta como exemplos episódios violentos recentes, como o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), no Rio de Janeiro, e a execução do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips por pescadores ilegais, na Amazônia. “Não precisa de muita sofisticação para a gente ver as conexões entre esses eventos. Eu não trataria o assassinato do Marcelo Arruda como algo isolado, um maluco que decidiu ir lá e dar um tiro em outra pessoa. Para mim, a gente tem que encadear os eventos de violência que vêm acontecendo no Brasil, no quadro social, no quadro político, no quadro econômico”, disse, em entrevista à BBC.

	Violência contra a mulher – Bolsonaro também tem um histórico de agressões a mulheres, bem anterior à sua chegada à presidência. Em 1998, durante campanha eleitoral para se reeleger deputado federal, Bolsonaro esmurrou a cabeça de Conceição Aparecida, funcionária de uma empresa de consultoria jurídica que prestava serviços para o Exército. Conceição discutia com uma apoiadora dele. Em julho de 2011, a ex-esposa de Bolsonaro Ana Cristina Valle, mãe de Jair Renan, disse que teria se mudado para a Noruega depois de receber ameaça de morte do ex-marido. Alguns anos depois, em 2014, Jair Bolsonaro atacou a deputada Maria do Rosário (PT), dizendo que “ela não merecia ser estuprada, porque é muito feia”. Foi condenado pelo ataque, pagou multa e teve que se desculpar publicamente.

	Depois de eleito, em 2018, Bolsonaro extinguiu a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, que havia sido criada por Lula, em 2003. Em 2019, fez apologia ao turismo sexual no Brasil, afirmando que era contra a vinda de turistas gays ao país, mas “quem quiser vir aqui para fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”. Em 2020 e 2021, o ódio do presidente foi direcionado a mulheres que trabalham na imprensa. A elas, fez menções de cunho sexual e desqualificou suas capacidades intelectuais e profissionais. Chegou a chamar a jornalista Daniela Lima, da CNN Brasil, de “quadrúpede”. 

	Ações como essas são inaceitáveis por parte de qualquer cidadão, mas se tornam perigosas quando partem do presidente. Acabam por minimizar e incentivar todo o tipo de crime. Infelizmente, partidários do bolsonarismo têm aparecido frequentemente nos noticiários por agressões contra mulheres. O último caso foi o do médico anestesista que estuprou uma gestante durante a cesária, no Rio de Janeiro. Por tudo isso, lutamos para que Bolsonaro não se reeleja. A criminalidade não pode ser relevada, celebrada. Vivemos numa democracia! O Brasil merece mais que isso. Merece que todos tenham acesso à alimentação, à saúde, à educação, à cultura. Que todos retomem a capacidade de sonhar por uma sociedade melhor. É por isso que trabalhamos incansavelmente.

Mauro Rubem (PT) é vereador por Goiânia e tem um legado em Goiás na luta em defesa dos Direitos Humanos

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS

Eleições 2024: E agora José?

Por frei Gilvander Moreira Respire fundo. Passado o 1º turno das Eleições Municipais no Brasil dia 6 de outubro de 2024, já eleitos/as 5.417 prefeitos/as

Há futuro para a esquerda brasileira?

Por RODRIGO PEREZ OLIVEIRA, professor de História da Universidade Federal da Bahia O 1° turno das eleições municipais confirma o ciclo de derrotas que marca