Empresário suspeito de praticar mineração ilegal é preso em São Paulo

Dirceu Santos Frederico Sobrinho tinha um mandado de prisão expedido pela PF de Rondônia, e foi preso neste domingo (18)
Dirceu Santos Frederico Sobrinho é dono da FD Gold e presidente da Anoro – Associação Nacional do Ouro. Foto/Reprodução
Dirceu Santos Frederico Sobrinho é dono da FD Gold e presidente da Anoro – Associação Nacional do Ouro. Foto/Reprodução

A Polícia Militar de São Paulo prendeu neste domingo (18) o empresário Dirceu Santos Frederico Sobrinho, suspeito de mineração ilegal, no bairro de Moema, localizado na Zona Sul da capital. Ele é dono da empresa FD Gold e presidente da Anoro – Associação Nacional do Ouro – uma instituição sem fins lucrativos. O empresário tinha um mandado de prisão em seu nome, expedido pela Polícia Federal de Rondônia.

Sobrinho é suspeito de mineração ilegal na Amazônia. Em maio deste ano, a Polícia Federal apreendeu 78 kg de ouro – o equivalente a aproximadamente 23 milhões de reais – em Sorocaba, interior de São Paulo.

O metal foi transportado em um avião, que foi apreendido porque a aeronave é objeto de investigação em outro inquérito policial. O ouro apreendido estava, na época, sendo escoltado por policiais militares de São Paulo que dirigiam carros da empresa FD Gold. 

O empresário deu uma declaração sobre a origem do ouro em um vídeo enviado pela assessoria de sua própria empresa, e alegou que ele tinha origem legal. “Todo ele foi comprado sob permissão de lavra garimpeira concedida, que não pertence a área indígena, que não pertence a garimpos ilegais” afirmou. 

Segundo a Polícia Federal, o ouro provavelmente é proveniente do Mato Grosso e do Pará, e o material foi encaminhado para realização de perícia. 

Ouro apreendido em Sorocaba (SP) – Foto/Divulgação

Em 2018, Dirceu Santos Frederico Sobrinho, que já filiou-se ao PSDB, concorreu como primeiro suplente do senador Flecha Ribeiro. Durante sua campanha, afirmou que o garimpo precisava de mudanças, e comentou: “minha empresa recolhe todos os tributos, todos os encargos. E vai continuar trabalhando de forma correta, digna e séria.”

Após sua prisão, o empresário foi levado para a carceragem da Polícia Federal de São Paulo, e o processo acontece em sigilo.

Um estudo divulgado em 2020 revelou que 100% dos indígenas Munduruku – que habitam a Amazônia, o Mato Grosso e o Pará – estão contaminados por mercúrio utilizado no garimpo, que facilita a separação do ouro e partículas de outras substâncias. Entretanto, o metal é tóxico e os danos causados pelo contato com ele podem levar à morte. 

Outros povos indígenas também são vítimas da contaminação de mercúrio. Os Yanomami e Ye’keuna também sofrem as consequências do garimpo ilegal. 

Um estudo produzido pela Hutukara Associação Yanomami (HAY) e Associação Wanasseduume Ye’kwana (SEDUUME) apresentou que, no ano de 2020, 500 hectares de Floresta Amazônica foram desmatados, o que corresponde a mais de 3.300 campos de futebol.

Durante a pandemia, o garimpo ilegal não deixou de realizar vítimas. Em entrevista ao Brasil de Fato, Marcelo Barbosa, Articulador Social da Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (Renser) e militante do Movimento Pela Soberania Popular da Mineração (MAM) de Minas Gerais, afirmou que a disseminação de coronavírus em terras indígenas pode estar diretamente ligada à mineração e garimpo.

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