#ELENÃO DAS MULHERES IMPACTA AS REDES E AS RUAS DO PAÍS HÁ POUCOS DIAS DAS ELEIÇÕES

    

Há três dias para o primeiro turno das eleições, que acontece neste domingo, 7 de outubro, as movimentações políticas ganham ainda mais força. Desde segunda, à sexta, uma nova pesquisa de intenção de voto é divulgada e mais especulações postas em circulação. Quem mostra já ter se posicionado, em maioria, são as mulheres. Vestidas de lilás, com seus cartazes em repúdio a posicionamentos machistas, elas pautam o #Elenão dentro e fora das mídias digitais. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as eleitoras são 52,5% de todo o eleitorado brasileiro. Contra comportamentos machistas, homofóbicos e racistas, segundo elas mesmas se identificam, as mulheres somam uma rejeição de 44% ao candidato à presidência da república Jair Bolsonaro, do PSL. O dado é referente a última pesquisa Ibope, encomendada pela TV Globo e o Estado de São Paulo e divulgada nesta segunda-feira (01).

 

 

 

 

    

À fim de fortalecer a luta #Elenão em todo o país, milhares de mulheres se reuniram nas ruas de suas cidades em todo o Brasil para pedir pelo voto consciente, isto é, em prol dos direitos humanos: das mulheres, dos lgbt+ e da população negra. A manifestação aconteceu no último sábado, 29 de setembro, mesmo dia em que o presidenciável, Jair Bolsonaro, recebeu alta do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Maior ato público brasileiro desde as movimentações políticas pró e contra o afastamento da ex-presidente e candidata ao senado de Minas Gerais, Dilma Rousseff, as maiores concentrações aconteceram em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Minas Gerais.

 

 

 

 

 

 

 

    

Neste último, o estado de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, concentrando 10,65% dos votos brasileiros, as mulheres ocuparam as ruas do centro da capital. Caminhando desde a praça Sete de Setembro até a Praça da Estação, dois pontos turísticos da cidade, os gritos eram de repúdio ao extremismo de direita, e as canções eram feministas, guiadas por diversos blocos de carnaval da capital e tocadas pelo Baque de Mina, bateria unificada toda composta por mulheres. Crianças, casais, idosos, adolescentes, deficientes físicos e artistas diversos construíram juntos a passeata. A trilha sonora era a paródia da música Bella Ciao, símbolo de resistência fascista na Itália da Segunda Guerra Mundial, que foi apropriada para letra de #Elenão. A chuva, não atrapalhou, virou canção: “pode chover, pode molhar, no Bolsonaro eu não vou votar!”, cantavam.


    

Fotografia por Isabela Abalen – Jornalistas Livres

    

O motivo por elas:

 
    

Mulheres de todas as idades, classes e etnias estavam presentes no ato do último dia 29. Ao perguntarmos a elas o porquê da importância do movimento e o motivo de apoiarem o #Elenão, em sua grande maioria destacaram pontos muito parecidos que coincidem com mulheres de todo país. Os posicionamentos machistas e preconceituosos de Jair Bolsonaro, o qual não possui planos governamentais que favoreçam as mulheres, foram citados diversas vezes. Muitas delas também destacaram que um governo exercido pelo candidato não as representaria, sendo uma das principais motivações para as manifestações que ocorreram em todo país. Confira alguns depoimentos das entrevistadas:

    

Estou aqui hoje, neste dia 29 de setembro de 2018, para dizer que #Elenão. Porque já chega de machismo fora e dentro do poder. Para o que o cargo exige dele, enquanto ser humano, enquanto profissional e político, particularmente, eu não acredito que ele tenha a menor condição ou estrutura política para reger o país. Além de ser uma pessoa que não tem vontade de ser diferente, ele já sabe o que ele vai fazer, nós já sabemos o que ele vai fazer, então cabe a nós aceitar ou não. Então estamos aqui hoje para dizer que a gente não aceita. E caso ele vença, também não vamos deixar barato. – Ana Roberto, 24 anos.
    

À esquerda, Ana Roberto, ao centro, Alyne Calixto, artista de carnaval, e à direita da fotografia, Ludmila, também artista de carnaval. Fotografia por Isabela Abalen.

    

Juliana, durante o ato #Elenão em Belo Horizonte. Fotografia por Isabela Abalen.

    
    

Eu sou #Elenão porque ele é racista, homofóbico, machista e misógino. Porque ele ficou 26 anos como deputado e até hoje não aprovou nem um projeto que lei que favorecesse pelo menos os eleitores dele do estado do Rio de Janeiro. Eu sou #Elenão, porque nós precisamos da democracia, de um país que prega o amor, a paz e a solidariedade, e não precisamos continuar a incitar a violência. Por isso eu sou #Elenão. – Michelle, 25 anos.

    
    

Eu sou contra o Bolsonaro porque eu sou contra a intolerância, não acho que ele vai melhorar as coisas incitando a violência, liberando armas. Porque ele já ficou 26 anos no congresso e não fez nada de útil pelos direitos das mulheres, dos negros e dos LGBTs, por isso #Elenão. Juliana, 35 anos.

    
    

Valeska, que pertence ao Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, durante o ato #elenão em Belo Horizonte. Fotografia Isabela Abalen.

    

#Elenão porque #Elenão tem projeto para a sociedade e principalmente para as mulheres negras e os LGBTs. Então, além de todas as coisas, mas principalmente pelas mulheres, que ele sempre está rebaixando e colocando em último lugar nos planos dele. E não é isso que queremos, queremos uma sociedade igual para todos, onde homens e mulheres ganhem igualmente, sem ter nenhuma diferença. – Valeska, 29 anos.
    

Eu faço parte desse elenco de artistas do Carnaval de Belo Horizonte e venho dizer que o Carnaval de Belô é um carnaval de política, um carnaval de militâncias e uma delas é com relação às minorias. Eu, como mulher negra, faço parte dessas minorias e nada melhor que eu ou outra mulher negra para dizer que #Elenão. A maioria das mulheres assassinadas no Brasil por arma de fogo são negras, e por isso, #Elenão. – Ludmila, 38 anos.

 

 

 

    

Michelle, ao meio, com amigas no ato #elenão em Belo Horizonte. Todas vieram de Betim fortalecer o ato. Fotografia Isabela Abalen.

 

 

 

 

    

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres

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