O astronauta Marcos Pontes (PL-SP), ex-ministro de Ciência e Tecnologia, eleito para o Senado com 10.714. 913 – quase 50% dos votos válidos –, deu o tom do que será a atuação da extrema direita no Congresso Nacional. Em entrevista nesta terça (04/10) ao UOLNews, Pontes não usou a palavra “impeachment” mas deixou evidente a possibilidade de afastar ministros do Supremo Tribunal Federal , caso Bolsonaro seja eleito no segundo turno. “O Senado tem a prerrogativa de fiscalizar o STF. Todos os ministros devem se manter dentro do que é previsto na Lei, na Constituição, e não extrapolar suas funções”. Fez uma ressalva: “Sem perseguir ninguém, mas trabalhar com a lei”. Segundo ele, a fiscalização é importante para o bom funcionamento da democracia”.
Pontes considera que a possível reeleição de Bolsonaro (PL) trará ainda a oportunidade de indicar dois ministros conservadores para o STF, preenchendo vagas abertas com a aposentadoria de dois dos atuais ministros. E, com maior apoio de parlamentares no Congresso, o astronauta crê na possibilidade de ampliar de 11 para 15 as cadeiras da Corte, com o bolsonarismo podendo indicar outros 3 ministros, totalizando, assim, 5 nomes conservadores ao longo de 8 anos.
Uma bancada de extrema-direita
Ele integra a bancada bolsonarista, composta por 15 políticos que acabam de ser eleitos para o Senado. O presidente havia apoiado 21 candidatos, enquanto Lula (PT) fez campanha para 27 – deles, oito foram eleitos. Os mais ligados à cartilha de Jair são as ex-ministras Damares Alves (Republicanos-DF) e Tereza Cristina (PP-MS), o ex-senador Magno Malta (PL-ES), o senador Romário (PL-RJ) e o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (Republicanos-RS). O ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil-PR), que se diz independente, não sendo contabilizado na lista dos 15, deve acompanhar a bancada da extrema direita no Senado. Apesar do rompimento com o governo, Moro usou o nome de Bolsonaro na reta final da campanha para se eleger no Paraná.
Pautas de costumes e armas
Além de falar do STF dos seus sonhos, o astronauta garantiu ser hora de fazer passar na Câmara e no Senado as pautas de costume, da direita. “Se tivermos o presidente alinhado com o Congresso, facilitará a tarefa de aprovar as reformas estruturantes de que o país precisa”, afirmou. Temos reformas que estão paradas, como tributária e administrativa”, lembra. “Armamento e outras pautas serão discutidas também”.
Sobre sua candidatura, comentou que disputaria o cargo de deputado federal. Mas, chamado pelo presidente, arriscou-se, começando a desenvolver a campanha ao Senado somente no dia 8 de agosto, quando os adversários já estavam na rua. “Eu me senti como o Ayrton Senna. Lembra quando ele tinha um problema no box e dava a largada ultrapassando as outras pessoas?”