EDITORIAL: Não se defende a Democracia com quem mais a atacou!

É um erro a participação das forças democráticas no ato deste domingo. O que precisamos é de união com o povo, para refundar o Brasil
Kim Kataguiri com Bolsonaro, Eduardo Cunha, Eduardo Bolsonaro: contra a Democracia
Kim Kataguiri com Bolsonaro, Eduardo Cunha, Eduardo Bolsonaro: contra a Democracia

O MBL e o Vem Pra Rua convocaram para este domingo, dia 12, um ato contra Bolsonaro. Dirigentes dos dois grupos espertamente tentam capturar o simbolismo da Campanha das Diretas Já, dizendo que agora, como em 1984, é preciso juntar todo mundo em defesa da Democracia.

Por causa desse argumento, algumas organizações sindicais, movimentos sociais e partidos se assanharam para participar da mobilização. Ciro Gomes e seu PDT, a deputada federal Tabata Amaral (sem partido), o deputado federal Orlando Silva (PCdoB) e até a psolista Isa Penna já confirmaram presença na avenida Paulista. Kim Kataguiri, que andava meio murcho, sorri satisfeito. É a chance de o MBL voltar à cena política como protagonista.

Não importam aqui as razões pelas quais os “garotos” do MBL não se entenderam com Bolsonaro. Joice Hasselmann também abandonou o barco do governo federal, entre outros. O que importa é que, apesar de brigado com Bolsonaro, o MBL ainda é um fanático bolsonarista, quanto ao projeto de País que defende.

O MBL apoiou a eleição de Jair Bolsonaro, mesmo quando já se sabia do amor do capitão pelo torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra. Foi o organizador dos ataques mais misóginos à presidenta Dilma Rousseff, durante o golpe que a afastaria do cargo. Avacalhou a luta dos estudantes secundaristas contra o desmonte da escola pública. Atacou todos os direitos trabalhistas, inclusive a Justiça do Trabalho, tudo pelo lucro dos patrões. Apoiou o linchamento do PT e de Lula, apoiou a destruição do SUS e da Educação, com a PEC do Teto de Gastos. O MBL não se opõe ao bolsonarismo. É sócio dele.

Os setores democráticos que agora querem participar do ato deste domingo (12) argumentam que é preciso unificar todas as forças contra Bolsonaro, o MBL e o Vem Pra Rua incluídos. Que, assim como foi nas Diretas Já, vale até se ajoelhar diante de Kim Kataguiri e seu bando de adoradores do Deus Mercado. Só que a campanha das Diretas Já não foi feita com todo mundo. Foi, na verdade, feita com o povo e a Oposição à Ditadura, com seus partidos e sindicatos.

Tem razão quem diz que é preciso a frente mais ampla para derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo. Mas isso significa unir o povo que está esfomeado e doente por conta da destruição que o MBL apoiou, apóia e venera. Aceitar o papel de coadjuvante do MBL, como estão fazendo algumas celebridades, partidos e esquerdistas assanhados para se jogar no colo da direita mais radical, é por isso uma traição gravíssima ao povo brasileiro, que tanto vem sofrendo pela adoção das políticas que o MBL chancela.

É virar as costas para o sofrimento real do povo. É, de novo, fazer os acordos por cima (visando às eleições do ano que vem), enquanto o povo vê a palavra Democracia sendo despojada da companhia dos conceitos de direitos e de justiça social.

Esta é a melhor forma de trair a Democracia —fingindo defendê-la. Não se luta pela Democracia com quem a depenou de seu imperativo mais nobre e elevado, que é o bem-estar de todo um povo, o povo brasileiro.

Por isso, Jornalistas Livres consideram um erro a participação das forças democráticas no ato deste domingo. O que precisamos é de união com o povo, para refundar o Brasil. E não de mais ilusões, mentiras e falsificações. Fora Bolsonaro!

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COMENTÁRIOS

8 respostas

  1. Sem cada Poder da República no seu quadrado não teremos Democracia como bem maior do povo

  2. Concordo com o argumento, mas, caramba, faz um mês e meio da última mobilização das forças da esquerda. Sete de setembro da esquerda mal teve divulgação! Como pode seis semanas sem um “a”, meu Deus?!?

  3. MBL e Vem pra Rua (assim como Sergio Moro) sao infiltrados do Governo Americano do Partido Democrata, o objetivo deles inicialmente era destruir o projeto do pré-sal afundando PT, Petrobrás, Odebrecht e a esperança do povo brasileiro de ter educação pública de qualidade.

  4. MBL é um sistema fascista mais sofisticado.
    Não se importa com os brasileiros da classe média para baixo.
    Bolsonaro e MBL são radicais em defesas dos patrões.

  5. Concordo em ‘gênero, numero e grau’… A única força capaz de consertar este nosso Brasil, é uma boa ‘Educação Pública’, a qual sistematicamente vem sendo desvalorizada e destruída há um bom tempo, e, principalmente neste último des-Governo atual que tomou o poder, usando os meio que todos conhecemos !!!… É imperioso um BASTA nisto tudo !!!

  6. Só lembrar nas urnas em 2022 de tirar esse pessoal junto com o bozo e aliados

  7. E NÃO DEU OUTRA. BOLSONARO, BOLSOMINIOS E ASSEMELHADOS devem estar rindo à toa.

    Passei o dia fora de casa. Pelas notícias que vi a pouco ao chegar em casa parece que as manifestações convocados pelo MBL e outras organizações de direita, Kim Kataguri como expoente, em tentativa de formar um arco político suprapartidário contra Bolsonaro mas cujo lema era: NEM LULA NEM BOLSONARO, foi um fiasco.
    Não convidaram o maior partido de esquerda o PT, o maior sindicato de trabalhadores a CUT não aderiu, PSOL também, assim como várias entidades democráticas como por exemplo a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) UNE, UBES, ANPG, Mulheres Unidas Contra Bolsonaro (MUCB) entre outras e muita , muita , muita gente entre elas eu que não aderiram à esta conclamação pseudo democrática da maneira que foi arquitetada.
    Deu xabu. Aprenderam que se não houver REALMENTE uma conclamação, convite à todos partidos e organizações de esquerda na formação de qualquer frente ampla contra Bolsonaro darão com os burros n´água? Pelo visto a terceira via já era. Aprendam pelo amor de Deus, pois risca do Bozo ir para o segundo turno, aprendam que para evitar este desastre as coisas não podem ser feitas desta forma E se ele lá chegar ai, é rezar, rezar, rezar……

  8. Eu fiquei agora pensando se realmente devo comentar o que penso a respeito disso tudo. Sinceramente, o Brasil precisa urgentemente que o conhecimento e a estimulação do pensamento crítico seja “ensinado/orientado” na raiz da escola, desde os alicerces de sustentação do ensino fundamental. Somente assim podemos ter a segurança de acreditar que esse país ainda compor no ranking dos melhores países do mundo.

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